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Em silêncio e afastado da mídia, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, completou nesta sexta-feira um mês de convalescença em Havana, enquanto em Caracas o vice-presidente, Nicolás Maduro, inaugurou junto ao chavismo o "primeiro dia do novo período da revolução bolivariana".

Um dia depois de ter iniciado a nova gestão do Governo à revelia do líder e com um grande "juramento popular" nas ruas de Caracas, o câncer segue retendo Chávez em Cuba sem que os venezuelanos o tenham visto, ouvido ou lido através do Twitter.

O líder, de 58 anos, se submeteu em 11 de dezembro a uma "complexa" operação devido à reaparição do câncer e se encontra em situação "estável" quanto à insuficiência respiratória que sofre como consequência de uma severa infecção pulmonar.

Durante esta sexta-feira, Maduro liderou um encontro junto aos ministros e governadores chavistas no qual anunciou que em 2013 serão construídas 380 mil novas casas para os pobres e que viajaria hoje mesmo a Cuba.

"Este Governo está governando todos os dias, a toda hora, e como disse o presidente Hugo Chávez: 'hoje é o primeiro dia do novo período da revolução bolivariana'", afirmou Maduro.

O vice-presidente confirmou que voltaria a Cuba, aonde também chegaram hoje a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e seu colega do Peru, Ollanda Humala.

Maduro, quem já esteve em Havana entre 29 de dezembro e 3 de janeiro, assinalou que visitará a família do governante, se reunirá com a equipe médica que o atende e levará ao "comandante-presidente" as "boas novas de um povo que trabalha fazendo revolução, com coragem e disciplina".

Nesta nova visita à ilha, Maduro contará com a companhia de Cristina Kirchner, que viajou a Havana apenas para ter notícias do seu "querido amigo" Chávez, e Humala, que, embora não tenha marcada em sua agenda uma visita ao governante, disse que se interessará por seu estado de saúde.

O ministro de Comunicação, Ernesto Villegas, disse ontem a uma emissora local que "o presidente está consciente da situação em que se encontra".

Villegas especificou ainda que o líder se mantém "em comunicação com sua equipe de Governo e com seus familiares que estão em Havana".

Nas últimas quatro semanas, os únicos recados de Chávez que chegaram aos venezuelanos foram uma felicitação de Natal e uma mensagem de fim de ano às Forças Armadas.

Um mês depois de o líder ter passado pela sala de cirurgia pela quarta vez em um ano e meio, os venezuelanos ainda não sabem qual o tipo de câncer que afeta a saúde do chefe do Estado.

E, com a saúde de Chávez como cenário de fundo, o adiamento da posse e a continuidade do Governo, avalizados pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), seguem repercutindo na Venezuela.

Constitucionalistas advertiram que Maduro continua à frente do Governo, mas asseguraram que ele não pode nomear ministros ou embaixadores, conceder indultos nem declarar o estado de exceção, uma vez que não está formalmente encarregado da Presidência.

A oposição, por sua vez, considerou "lamentável" a declaração do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o chileno José Miguel Insulza, de respeitar a decisão tomada pelos poderes venezuelanos.

"É lamentável. Ao lê-la, não pude evitar uma profunda decepção. Custa acreditar que uma pessoa que sofreu a ditadura (de Augusto Pinochet) e o exílio aceite sem mais a 'versão oficial' de um Governo", expressou Ramón Guillermo Aveledo, secretário-executivo da Mesa da Unidade Democrática (MUD).

Em comunicado, a OEA disse hoje que respeitava "cabalmente, como não podia deixar de ser, a decisão tomada pelos poderes constitucionais da Venezuela a respeito da posse".

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