Atualizado em 20/09/06, às 19h06

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Com um discurso duro e direto contra o sistema político dos Estados Unidos e seu presidente, George W. Bush, o líder venezuelano Hugo Chávez roubou a cena nesta quarta-feira ao falar na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Chávez, um militar aposentado que diz conduzir seu país para o "socialismo do século XXI", começou seu discurso comentando o "cheiro de enxofre" deixado por Bush, a quem chamou de "o diabo", no auditório, provocando risadas dos presentes.

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- Que modelo de democracia é este, que se impõe graças a fuzileiros, invasões e bombas - disse Chávez, um crítico assíduo da política internacional da Casa Branca.

- Ontem o diabo esteve aqui - disse ele - referindo-se à passagem de Bush pela abertura da assembléia. - Bush, tenho o sentimento de que você vai viver o resto de seus dias como um pesadelo.Chávez discursando: para ele, o presidente Bush é o diabo / FOTO: EFE

O mandatário, que acusa Washington de querer derrubá-lo, propôs trocar a estrutura da ONU para torná-la mais democrática, incluindo o Conselho de Segurança, onde espera obter uma cadeira não permanente no próximo mês.

O mandatário pediu para enfrentar "o imperialismo" de Washington.

- Não podemos permitir que se instale a ditadura mundial, que ela se consolide - acrescentou o líder, que criticou as ações americanas no Iraque e no Afeganistão e apóia o direito do Irã de desenvolver um programa nuclear.

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- Eles querem impor o modelo democrático como o concebem, a falsa democracia das elites - disse. - Como porta-voz do imperialismo, [Bush] tenta dar suas receitas para tratar de manter o atual esquema de dominação, de exploração e de saques dos povos do mundo - destacou o dirigente venezuelano sobre as palavras de seu colega americano.

O líder esquerdista agradeceu os países que expressaram seu apoio à intenção da Venezuela para entrar no Conselho de Segurança.

A nação sul-americana precisa de dois terços dos 192 votos para conseguir seu ingresso como membro não permanente do organismo, posto pelo qual compete com a Guatemala, que é apoiada pelos EUA.

Chávez ainda aproveitou o discurso para mostrar um livro do lingüista e ativista Noam Chomsky, crítico ferrenho do governo de George W. Bush. Ele disse que os americanos deveriam ser os primeiros a lerem "Hegemonia ou sobrevivência: a busca da América pela dominância global".

- Como Chosmky diz, o império americano está fazendo tudo para consolidar seu sistema de dominação global - disse o presidente.

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Ele também citou o discurso, feito na terça-feira, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a necessidade de se combater a pobreza mundial.

Em seguida, ele se dirigiu à sala de imprensa, para conceder uma entrevista coletiva.

O embaixador americano na ONU, John Bolton, não quis comentar as declarações de Chávez

Ele e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, estão sendo os astros da 61ª sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas. Ahmadinejad também usou da palavra para desafiar o Ocidente.

As bravatas foram feitas no mesmo dia em que uma pesquisa de opinião mostrou queda no apoio ao presidente venezuelano, que disputa a reeleição no fim deste ano.

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