O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, 57 anos, falou publicamente ontem pela primeira vez desde que foi submetido a uma cirurgia, em Cuba, para a retirada de uma "lesão" possivelmente maligna na pélvis.
"Estou bem, estou me recuperando aceleradamente", disse Chavez em conversa telefônica com o canal estatal venezuelano VTV a partir de Havana, onde está desde a última sexta-feira.
Em tom otimista, o presidente detalhou sua rotina no hospital e indicou que segue de perto os acontecimentos em seu país.
"Desde anteontem, estou caminhando pelos corredores", disse, em conversa de quase 10 minutos. "Agora mesmo estou me preparando para a caminhada do meio-dia e, mais tarde, para uma sopa de abóbora. De manhã, [tomei] um iogurte. Acordei às 6 da manhã e fiquei caminhando como um velho soldado. Assinei uns papéis." "Estamos aqui numa batalha, e logo estarei com vocês fisicamente também."
Horas antes, Chávez também havia publicado uma série de posts em sua página no Twitter. "Muito boa noite, meus queridos compatriotas! Aqui vou, levantando voo como o condor! Envio a vocês meu amor supremo! Viveremos e venceremos", disse.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Jorge Arreaza, contou que Chávez se encontrou com diversos ministros em Havana para discutir ações do governo.
O vice Elías Jaua afirmou que o presidente lhe telefonou durante a madrugada: "Ele me deu umas 300 mil instruções, pediu que eu lhe enviasse coisas para assinar".
A doença de Chávez complicou o processo eleitoral venezuelano. O presidente é candidato à reeleição em outubro e já disse que gostaria de comandar o país por outra década ou duas.
Além disso, muita coisa está em jogo para a região. Cuba, Nicarágua e outros governos de esquerda no Caribe e América Central dependem dos subsídios de petróleo e outros benefícios do governo de Chávez.
O adversário do líder venezuelano nas eleições de 7 de outubro é Henrique Capriles, governador de 39 anos que espera atrair os eleitores de Chávez com a promessa de um governo de "esquerda moderna" ao estilo brasileiro.
É a primeira vez, desde que Chávez chegou ao poder, que a oposição tem um candidato único. Capriles foi escolhido em eleição primária que contou com a participação de representantes da maioria dos partidos oposicionistas.