O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse em entrevista divulgada na noite de domingo por um jornal estatal que pretende disputar um novo mandato no ano que vem, apesar da recente cirurgia a que se submeteu para a retirada de um câncer.
A notícia de que Chávez, de 56 anos, foi operado no mês passado em Havana para extirpar um tumor do tamanho de uma bola de beisebol havia gerado questionamentos quanto à sua capacidade para continuar governando a Venezuela.
"Tenho razões médicas, razões científicas, razões humanas, razões de amor e razões políticas para me manter à frente do governo e da candidatura, com mais força do que antes", disse Chávez ao Correo del Orinoco. "No nível pessoal, eu lhe digo que nunca pensei nem por um instante em me retirar da presidência."
Chávez voltou no sábado à Venezuela, após passar uma semana fazendo quimioterapia em Cuba. Ele disse que nenhuma célula maligna foi encontrada no seu organismo, e que está retornando em melhor estado de saúde do que viajou.
"Eles checaram órgão por órgão, fazendo exames para ver se houve metástase, e não encontraram nada. O tumor estava contido", disse o presidente ao jornal, que circulou com a manchete "Chávez será candidato em 2012".
Chávez, conhecido por seu estilo ativo, carismático e populista, está visivelmente enfraquecido para disputar um novo mandato em dezembro de 2012. Após turbulentos 12 anos no poder, ele se tornou um dos líderes mais conhecidos e polêmicos do mundo, frequentemente lançando ataques verbais aos EUA e exaltando o "socialismo do século 21" que diz implantar na Venezuela.
Eleições parlamentares realizadas em setembro de 2010 mostraram a Venezuela polarizada pelo chavismo. A oposição, dividida, vê na debilidade física de Chávez uma chance de derrotá-lo nas urnas no ano que vem.
Chávez passou no mês passado por duas operações em Havana, ambas complicadas, segundo ele: a primeira por causa de um abscesso pélvico; a outra para retirar o tumor.
Na entrevista, Chávez contou como o ex-presidente cubano Fidel Castro, seu amigo e mentor político, contou-lhe no hospital que os exames da semana passada não haviam detectado células tumorais.
"Ele me contou que não encontraram nada. Nunca ouvi um discurso tão curto de Fidel", brincou Chávez, acrescentando que o veterano líder comunista "tinha felicidade no rosto" ao se despedir dele no aeroporto. "Era muito diferente de como foi um mês atrás."
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