O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, qualificou nesta quarta-feira (10) de "show" o julgamento em curso nos Estados Unidos sobre uma maleta cheia de dólares, supostamente envida pelo seu governo para financiar a campanha de Cristina Kirchner à Presidência argentina.
O empresário venezuelano-americano Guido Antonini Wilson foi descoberto no ano passado com 800 mil dólares numa maleta, quando tentava ingressar na Argentina a bordo de um avião fretado pela estatal venezuelana PDVSA, no qual havia também funcionários venezuelanos e argentinos.
Um promotor norte-americano acusa o empresário venezuelano Franklin Durán de atuar como agente secreto de Caracas nos EUA, junto com outras quatro pessoas, cuja missão seria convencer Antonini de guardar silêncio sobre a origem e destino do dinheiro.
"Um julgamento lá em Miami, um julgamento que está comprado com todo um grupo de empresários que está lá protegido [pelos EUA]. Todo um show", disse o presidente durante ato transmitido por rádio e TV.
Em março, o venezuelano Carlos Kauffmann -- outro dos cinco réus - se declarou culpado, e seu depoimento pode implicar diretamente Chávez com o caso.
Chávez afirmou que o processo judicial, assim como planos para lhe assassinar, são parte de um complô norte-americano e da oposição de direita contra seu governo socialista.
"Façam o que quiserem. Não vão dobrar esta revolução, nem seus amos, os ianques, nem vocês", afirmou.
O caso provocou uma onda de acusações de corrupção na Argentina, além de tornar mais tensas as relações entre Washington, Caracas e Buenos Aires.
O advogado venezuelano Moisés Maionica, Kauffmann e Rodolfo Wanseele Paciello, de origem uruguaia, se declararam culpados de atuar como agentes do governo venezuelano.
Wanseele admitiu à Justiça que ajudou um agente venezuelano de inteligência a se reunir em Miami com Antonini, e Maionica chegou a envolver o chefe da inteligência venezuelana no caso.