O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou que não acredita que "o Irã abrigue o terrorismo" e sustentou que "o país mais terrorista do planeta se chama Estados Unidos". Ele afirmou que o governo americano influencia o parlamento brasileiro para retardar a entrada da Venezuela no Mercosul.
Em entrevista divulgada na noite de quarta-feira (8) pela televisão da Argentina, país que visitou esta semana, Chávez disse que não é "nem um pouco" anti-semita, opinou que "socialismo e cristianismo andam de mãos dadas" e se definiu como "profundamente antiimperialista".
Sobre o Mercosul, disse que a Venezuela quer "integrar" o bloco "há nove anos" e avaliou que "há muitos fatores que tentam impedir" sua adesão. "Só falta a aprovação dos congressos. Argentina e Uruguai aprovaram a nossa entrada no tempo requerido. Então, começou uma ação de atraso nos congressos do Brasil e Paraguai, que vem dos EUA", acrescentou.
Prazo pode ser ampliado
Depois de afirmar que seu país pode "esperar até setembro" para formalizar sua entrada no Mercosul, admitiu que "o prazo pode se alongar, não é uma coisa taxativa, mas pedimos que o processo se acelere, já que é de alto interesse estratégico". "Os EUA querem evitar a integração da América do Sul", acusou, antes de denunciar "uma campanha muito bem orquestrada" para desacreditar o seu governo.
Chávez também opinou que o presidente cubano, Fidel Castro, "não tem herdeiros". Mas acrescentou que na América Latina "há uma nova onda de lideranças", já que na região não basta um só líder, e citou como exemplos o boliviano Evo Morales e o equatoriano Rafael Correa.
O governante venezuelano chegou na segunda-feira a Buenos Aires e assinou acordos na área de energia com o presidente da Argentina, Néstor Kirchner. Ele afirmou que a compra de títulos de dívida argentina com reservas monetárias venezuelanas "não foi pensada como um negócio".
Antes de ir ao Uruguai, nesta terça-feira, o governante confirmou a aquisição de bônus argentinos no valor de US$ 500 milhões. A Venezuela, desde 2005, é uma das principais fontes de financiamento externo da Argentina.
Plano orquestrado
Na entrevista, Chávez voltou a definir o presidente americano, George Bush, como "um cadáver político" e "o inimigo público número um do povo dos Estados Unidos". "Quanto custou à Venezuela para se libertar? Éramos uma colônia petrolífera. Em 1914 meu país começou a enviar petróleo aos EUA e todos os governos venezuelanos que quiseram tomar o controle dos recursos naturais foram derrubados", lembrou.
Ele garantiu que na Venezuela há "liberdade de expressão até o abuso". O chefe de estado venezuelano chamou de "totalmente desorientados e fora de lugar" os membros da comunidade judaica argentina que criticaram a sua visita à Argentina e os seus vínculos com o Irã.
A justiça argentina ditou ordens de captura contra nove iranianos, entre eles o ex-presidente Hashemi Rafsanjani, por sua suposta vinculação com o atentado terrorista de 1994, que destruiu a sede da Associação Mútua Israelita-Argentina, em Buenos Aires, com 85 mortos.
"Não posso falar sobre o caso. É um tema interno da Argentina", disse Chávez, após opinar que não acredita "que o Irã abrigue o terrorismo". "O maior país terrorista do planeta se chama Estados Unidos", insistiu.