O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse nesta terça-feira ter superado "a fase mais dura do câncer" e que está "felizmente recuperado", após quatro sessões de quimioterapia. "Quatro sessões intensas, duras, mas já estou de pé completo e aqui estou jogando duro pela integração e pela unidade da América Latina", disse Chávez, ao desembarcar em Montevidéu, na manhã desta terça-feira, para participar da reunião de Cúpula dos Presidentes dos países sócios (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e associados (Chile, Colômbia, Equador, Bolívia e Peru).
Chávez, de 57 anos, sofreu uma intervenção cirúrgica em junho, em Cuba, para retirada de um tumor pélvico. Desde que o câncer foi diagnosticado, Chávez se manteve afastado das reuniões com os demais colegas da região e não compareceu à posse de Cristina Kirchner, no dia 10 de dezembro. Ao desembarcar na capital uruguaia, Chávez criticou o Senado paraguaio por não aprovar a entrada definitiva do seu país no Mercosul, bloco do qual participa como país associado. "O projeto está travado por culpa de um grupo de direita do Paraguai", disse.
O presidente venezuelano elogiou a proposta do colega uruguaio José "Pepe" Mujica, que sugere mudanças nas normas do Mercosul para permitir que pedidos de adesão de países como sócios plenos do bloco regional sejam aprovados somente pelos Poderes Executivos, excluindo os Poderes Legislativos. A sugestão de mudança seria uma manobra para aprovar a entrada da Venezuela.
O ex-presidente do Uruguai Luis Alberto Lacalle afirmou, no entanto, que se o Mercosul aprovar essa proposta pode ser "o começo do fim" do bloco. "Essa reunião do Mercosul pode sinalizar o começo do fim desta organização porque pretende forçar a entrada da Venezuela, violando o próprio tratado constitutivo e terminando juridicamente com a associação", disse Lacalle, segundo o jornal El Observador. Foi durante o mandato de Lacalle (1990 a 1995) que os países fundadores do Mercosul assinaram, em 1991, o Tratado de Assunção, que criou o bloco regional.