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Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, suspenderam nesta terça-feira a viagem que fariam à Bolívia, após os distúrbios em Tarija, no sul do país, onde se reuniriam com o presidente boliviano Evo Morales.

O vice-presidente da Bolívia, Alvaro García, qualificou como "ação provocadora" os protestos que grupos opositores fizeram contra o governo em Tarija, onde os três presidentes iriam se reunir para reforçar acordos de energia e Morales receberia apoio de Cristina e Chávez.

"Entre cem e duzentos arruaceiros provocaram problemas em Tarija, então suspendemos a cerimônia, mas quem perde com isso é a região porque assinaríamos acordos de energia," disse Morales em um discurso público em um município no sul, na fronteira com o Paraguai.

Morales disse que o governo argentino ratificaria um acordo de crédito de US$ 450 milhões para a construção de uma fábrica separadora de líquidos do gás natural.

Em Buenos Aires, onde está de visita, o presidente Chávez disse em coletiva que "com Evo, nós avaliamos a situação com calma, com nervos de aço, com a cabeça fria. Eu disse a ele: 'Evo, não devemos jogar mais gasolina nessa situação'."

Chávez afirmou que a viagem foi suspensa por "uma questão de senso comum."

"Ocorreram agressões a jornalistas e agressões contra as delegações argentina e venezuelana," disse Chávez.

Os manifestantes tentaram tomar o aeroporto de Tarija para impedir a visita de Chávez e Cristina. Tarija fica 660 quilômetros ao sul de La Paz, perto da fronteira argentina, e é um dos redutos oposicionistas a Morales.

O líder cívico local Reynaldo Bayard disse à emissora Erbol que a polícia dispersou os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo.

"Eles dizem que irão assinar um acordo de energia mas tudo é um show político a favor de Morales," disse Bayard, antes de saber que o encontro havia sido cancelado.

Mais cedo nesta terça-feira, dois mineiros morreram em choques com a polícia em outra região da Bolívia, quando as forças de segurança desbloquearam uma rodovia ao sul de La Paz. A estrada havia sido tomada por sindicalistas que protestavam contra o governo, pedindo uma reforma no sistema de aposentadorias.

O ministro do governo da Bolívia (o chefe da Casa Civil), Alfredo Rada, disse que os mineiros receberam as forças de segurança com bananas de dinamite e por isso os policiais precisaram agir com rigor. Rada qualificou todos os protestos que aconteceram hoje na Bolívia como "políticos".

As autoridades não confirmaram a morte do segundo mineiro, mas ela foi confirmada pela Erbol e canais locais de televisão.

Os incidentes complicaram ainda mais o clima de confrontação política que a Bolívia vive perto do referendo do próximo domingo, no qual o presidente Morales e oito dos nove governadores dos departamentos (estados) submeterão seus mandatos a uma escolha popular.

No domingo à noite, líderes regionais da oposição começaram uma greve de fome nos departamentos de Santa Cruz e Beni, para exigir a devolução de fundos que o governo confiscou para pagar a aposentadoria universal aos idosos.

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