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medidas humanitárias

Chávez fica mais brando com presos da oposição

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, abatido por um câncer que revirou de ponta-cabeça a política do país membro da Opep, estabeleceu mecanismos de benevolência para presos da oposição que sofram de problemas de saúde.

Chávez defendeu no sábado medidas humanitárias para ajudar prisioneiros doentes, entre os quais há três pessoas condenadas por participação em uma tentativa de golpe em 2002.

O gesto despertou a expectativa de que o câncer que acomete Chávez o torne menos propenso a confrontos, ainda que isso não baste para resolver as divergências do presidente com críticos que o acusam de governar de maneira ditatorial.

Por outro lado, sua aparente capacidade para libertar dezenas de prisioneiros, bastando para isso apenas algumas poucas palavras num pronunciamento ao vivo pela TV, reaviva as acusações de que ele controla o Judiciário.

"Independentemente de quem sejam, das suas opiniões, ouso fazer um pedido humanitário para que eles recebam o tratamento médico de que precisam", disse Chávez pela TV antes de embarcar para Cuba, onde fará quimioterapia.

O procurador-geral e o presidente do Supremo Tribunal venezuelano disseram na terça-feira que cogitam conceder liberdade condicional a 54 prisioneiros com problemas graves de saúde.

Na quarta-feira, um tribunal determinou a libertação de Alejandro Pena, crítico do presidente que estava preso sob a acusação de terrorismo e que sofre de câncer de próstata, segundo a imprensa local.

Yajaira Castro, esposa do ex-delegado de polícia Lázaro Forero, que também tem câncer de próstata, disse que as declarações de Chávez resultaram na visita imediata de um médico à prisão, após semanas de relutância das autoridades carcerárias em permitir uma consulta de seu marido com um oncologista.

"O presidente levou em conta que, assim como ele merece atendimento médico e merece ter seus filhos ao seu lado agora, os prisioneiros políticos também merecem", disse Castro. Forero foi condenado por envolvimento no golpe de 2002.

Ativistas de oposição dizem que até dez presos anti-Chávez haviam sido impedidos de terem atendimento médico.

Outra possível beneficiária é María Lourdes Afiuni, ex-juíza detida por libertar um banqueiro acusado de corrupção. Ela passou por uma histerctomia depois de sofrer uma forte hemorragia na prisão, o que a levou a ser transferida para prisão domiciliar.

Nelson Afiuni, irmão da ex-juíza, disse esperar que ela possa concluir o tratamento e deixar seu apartamento para se exercitar. Na opinião dele, a doença está levando Chávez a "pensar de forma diferente a respeito dos presos políticos."

As autoridades dizem que não há presos políticos na Venezuela, e sim políticos presos, que não merecem tratamento especial.

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