O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o ex-presidente peruano Alberto Fujimori e seu ex-chefe de espionagem Vladimiro Montesinos dominaram nesta terça-feira, graças a suas declarações e apoios, a campanha para o segundo turno da eleição presidencial no Peru.
O social-democrata Alan García, que lidera as pesquisas por estreita margem, disse que Chávez enviou dezenas de venezuelanos ao Peru para ajudarem seu adversário nacionalista, Ollanta Humala. Chávez não esconde sua simpatia por Humala - esquerdista e ex-militar como ele.
- O que temos de dizer é que por detrás disso está o dinheiro de Chávez - disse García em entrevista coletiva.
Já os seguidores de Humala convocaram uma entrevista coletiva para apresentar e-mails que revelariam uma união de García com a filha e o irmão de Fujimori, em busca de um suposto pacto de "impunidade".
Fujimori está no Chile, sob liberdade condicional, à espera da tramitação de um pedido de extradição feito por Lima, onde ele é acusado de corrupção e violação aos direitos humanos.
- São mensagens apócrifas - defende-se García, visivelmente incomodado.
O apoio de Chávez a um candidato peruano gerou a pior crise em vários anos entre Lima e Caracas. O Peru viu essa manifestação como uma "intromissão" em seus assuntos internos e retirou seu embaixador da Venezuela, que devolveu na mesma moeda.
O presidente peruano, Alejandro Toledo, pediu a intervenção da Organização dos Estados Americanos (OEA), por considerar que a entidade "não pode lavar as mãos" diante a ingerência venezuelana.
"Acho que a OEA está fazendo um triste papel, porque não está intervindo como deveria quando vê como um dirigente de um país declara guerra a outro país", afirmou García.
A poucos dias do fim da campanha, Montesinos, que está preso, entrou no cenário político para acusar Humala de ser um "peão" de Cuba e Venezuela no tabuleiro latino-americano.
" encontraram em Ollanta Humala o personagem ideal para satisfazer suas expectativas de incorporar este país ao cenário regional, onde se vêm traçando os movimentos iniciais da guerra assimétrica ", disse um documento firmado por Montesinos e entregue à imprensa por sua advogada.
Humala disse que o texto confirma a "vinculação selada" entre García e o ex-chefe de espionagem de Fujimori.
No documento, intitulado "Peão de Xadrez", Montesinos afirma, sem apresentar provas, que Chávez e seu colega cubano, Fidel Castro, avançaram na Bolívia com a eleição do líder indígena Evo Morales à presidência e tentam ampliar sua influência para Peru e Equador.
- Montesinos está atuando em coordenação com García, e eles tentam destruir Ollanta Humala como opção política - disse Humala a jornalistas.
O ex-chefe de espionagem está preso por corrupção e enfrenta dezenas de julgamentos por acusações que vão de tráfico de armas e abuso de autoridade até violação dos direitos humanos.
O chanceler Oscar Maúrtua rejeitou as interferências externas no processo eleitoral e disse que o Peru vai reiterar sua proposta à OEA.
- Não é uma questão de tolerância, e sim de rejeição, porque o Peru está indignado - afirmou ele a jornalistas.
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