Depois de passar a vida às turras com a imprensa do país, o presidente da Venezuela Hugo Chávez foi premiado depois de morto com o prêmio nacional de jornalismo. Num comunicado divulgado pela TV estatal, a fundação responsável pelo prêmio informou ter escolhido Chávez por sua capacidade de comunicação, o impulso à imprensa e a luta contra a manipulação da mídia. A homenagem vem um ano depois de a organização Human Rights Watch afirmar que a liberdade de expressão na Venezuela se deteriorou nos últimos anos.

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"Nem Simón Bolívar nem Hugo Chávez foram jornalistas, mas jamais tivemos melhores comunicadores", disse a jornalista e professora Lil Rodríguez, membro do júri da Fundação Prêmio Nacional de Jornalismo. "Decidimos dar o prêmio porque o comandante devolveu a palavra aos oprimidos."

O prêmio será entregue à família no próximo dia 27, no Palácio de Miraflores, sede do governo. Ele chega dias depois de dois grandes grupos de comunicação passarem às mãos de empresários ligados ao governo chavista.

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A Cadena Capriles - sem ligação com o opositor Henrique Capriles - foi comprada pelo banqueiro Víctor Vargas. A editora é responsável pelo tabloide de maior circulação no país, "Últimas Notícias", além de jornais de esportes e finanças.

E a Globovisión, que era considerada a última emissora independente de TV, foi comprada em maio por três investidores próximos ao governo - Juan Domingo Cordero, Raúl Gorrín e Gustavo Perdomo - após anos de multas e de perder anúncios estatais.

Relação turbulenta

Chávez, que morreu no dia 5 de março devido a complicações de um câncer, criou em 2008 o Sistema Nacional de Meios Públicos, dentro de um plano de governo que estabelecia como linhas estratégicas o controle social sobre meios de comunicação e o fortalecimento da mídia estatal.

Em fevereiro deste ano, a organização Repórteres sem Fronteiras denunciou que a Globovisión e a emissora católica Vale TV eram vítimas de ações discriminatórias. Em 2007, a Radio Caracas Televisión (RCTV), a mais popular do país e que era crítica ao governo, não teve a sua concessão renovada.

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Três anos depois, o presidente promulgou a Lei de Responsabilidade em Rádio e TV (Resorte), que regula a responsabilidade dos meios de comunicação de acordo com seu formato, linguagem, conteúdo, para fomentar o equilíbrio democrático.