A transferência do governo venezuelano para Havana, onde o presidente Hugo Chávez foi submetido a uma operação para retirada de um tumor maligno no mesmo local onde havia se tratado de câncer, já custou aos cofres do país quase US$ 4 milhões. A cifra é resultado de cálculos feitos pelo deputado opositor Carlos Berrizbeitia com base nos pouco mais de 20 dias de permanência de uma comitiva presidencial formada por mais de 200 pessoas, entre equipe de segurança, assistentes, familiares, ministros e técnicos da tevê estatal. A ponte aérea entre os dois países e a manutenção da equipe em Havana estariam levando os gastos diários a uma cifra entre US$ 200 mil e US$ 300 mil.
"A crítica não é pelos custos da enfermidade do presidente, mas por sua insistência de exercer o cargo a partir de Havana", disse o deputado ao jornal venezuelano La Verdad, após apresentar o levantamento extraoficial.
Em sua página no Twitter, o deputado acrescentou: "Muito mais perigoso que o câncer é a enfermidade grave de poder que tem o presidente Chávez".
Antes de viajar, Chávez se recusou a repassar o cargo ao vice-presidente, Elías Jaua. Os representantes da oposição na Assembleia Nacional pretendem solicitar uma explicação ao Executivo quando Chávez retornar ao país.
"É escandalosa a viagem de Chávez e a denúncia de seus gastos. É um ato ilegal porque a Constituição estabelece que não podem haver atos de governo estabelecidos fora do território nacional, então está atuando como presidente à margem da lei", disse o analista político Manuel Malaver.
Para Elsa Cardozo, professora de Relações Internacionais da Universidade Central da Venezuela, não há chance de o presidente devolver os recursos.
"O controle do Orçamento é muito pouco transparente. Como ele está doente, é uma situação complicada, torna-se um tema difícil de discutir", observa.
Oficialmente, os detalhes dos gastos de Chávez só serão conhecidos no fim de 2012, quando o Poder Executivo presta contas à Assembleia Nacional.