Há alguns meses, ninguém teria imaginado um Hugo Chávez sem sua camisa vermelha e um café quente pronto para seu longo discurso televisivo, mas o câncer fez com que o presidente venezuelano mudasse seus hábitos, seu estilo de governar e até sua maneira de ver a vida.
Invocando Deus, os espíritos da savana e a ciência médica para vencer a doença, o presidente insistiu repetidas vezes que renasceu: "Não é que é outro Chávez, sou o mesmo. Mas é como uma nova etapa da minha vida, diferente, mais reflexiva, mais aberta."
Apesar de manter a radical ideologia esquerdista, reforçado depois de passar várias semanas de convalescença em Havana com seu mentor político Fidel Castro, Chávez afirma que buscará pontes com a classe média e a imprensa privada, que tantas vezes identificou como inimigos de seu projeto bolivariano.
"Temos que destruir, lutar, extirpar esses males, por exemplo o sectarismo, o dogmatismo, isso faz muitos danos", disse.
Seus adversários temem que esses novos gestos conciliatórios são pouco mais que um teatro político e que em breve ele estará de volta aos velhos hábitos de ridicularizar e intimidar seus opositores.
Chávez pretende concorrer a mais seis anos de mandato nas eleições do próximo ano, mas os partidos de oposição sentem a chance de encerrar o governo de 12 anos do líder doente.
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