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Venezuela

Chávez não tomará posse amanhã

O opositor Henrique Capriles, derrotado por Chávez nas eleições presidenciais de outubro, exibe cópia da Constituição da Venezuela ao cobrar posição do Tribunal Supremo do país | Jorge Silva/Reuters
O opositor Henrique Capriles, derrotado por Chávez nas eleições presidenciais de outubro, exibe cópia da Constituição da Venezuela ao cobrar posição do Tribunal Supremo do país (Foto: Jorge Silva/Reuters)
Líder opositor Capriles pede apoio a países vizinhos |

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Líder opositor Capriles pede apoio a países vizinhos

O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, formalizou ontem à Assembleia Nacional do país pedido para adiar, sem nova data, a posse prevista para amanhã do novo mandato presidencial de Hugo Chávez, hospitalizado em Cuba.

A carta, lida pelo presidente da Casa, Diosdado Cabello, afirma que o pós-operatório de Chávez vai se "estender para além de 10 de janeiro", data prevista pela Constituição para a posse na própria Assembleia.

Como antecipado pelos governistas nos últimos dias, Maduro invocou o segundo trecho do artigo 231 da Carta, que permite juramento ante o Tribunal Supremo de Justiça – mas, na visão chavista, não estipula data para isso.

Pela interpretação governista, o atual vice-presidente, Nicolás Maduro, que está no exercício da Presidência, e os ministros seguem em seus postos até a posse futura. Na prática, o atual mandato de Chávez foi estendido indefinidamente.

O presidente, que sofre de severa infecção pulmonar e não faz manifestações públicas desde 9 de dezembro, segue formalmente no cargo.

O governo fará no lugar da posse uma mobilização política para a qual são esperadas as presenças de presidentes como José Mujica (Uruguai) e Evo Morales (Bolívia).

A saída governista é energicamente rejeitada pela coalizão opositora. Na visão da oposição, o mandato do presidente deveria terminar hoje.

Candidato derrotado por Chávez em outubro, Henrique Capriles propôs ontem a declaração de ausência temporária por até 180 dias, prazo que o presidente teria para retornar. Nesse intervalo, o presidente da Assembleia (o chavista Cabello) assumiria a Presidência. Terminado o prazo, se não houvesse o retorno, novas eleições seriam convocadas.

Brasil

Opositores do governo Dilma Rousseff criticaram ontem a defesa brasileira do adiamento da posse de Chávez. Na segunda-feira, o assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia defendeu um prazo de até 180 dias.

O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), afirmou que deve se reunir com outros partidos para defender o "cumprimento da Constituição" na Venezuela, com a realização de eleições.

Líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR) disse que o país vive uma "pseudodemocracia" e que "não é exagero considerar a crise um golpe".

Oposição alerta OEA sobre possibilidade de ruptura democrática

Folhapress e EFE

A Mesa de Unidade Democrática (MUD), principal organização da oposição venezuelana, enviou ontem uma carta à Organização dos Estados Americanos (OEA) alertando sobre a possibilidade de ruptura democrática no país.

Os adversários do atual presidente Hugo Chávez consideram que haverá uma "grave violação constitucional" se o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, não assumir a Presidência amanhã, quando Chávez deveria tomar posse.

Na carta, direcionada ao secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, os opositores dizem que não pode haver "um vazio institucional" se Chávez não puder viajar a Caracas para assumir a Presidência e defendem que Cabello assuma o governo, conforme determinado pela Constituição.

"Proceder de outra forma constitui uma alteração da ordem constitucional que afeta gravemente a ordem democrática", dizem os opositores, argumentando que a manobra de Chávez viola a Carta Democrática da OEA.

A oposição não concorda com o adiamento por tempo indeterminado. "Não há interpretação que permita isso. Estaríamos ante uma alteração da ordem constitucional que afeta gravemente a ordem democrática", diz a carta, assinada pelo chefe da coalizão, Rubén Aveledo.

EUA

Os Estados Unidos evitaram ontem se pronunciar sobre a controvérsia que vive a Venezuela. "Esperamos que qualquer transição na Venezuela seja democrática, legal, constitucional e transparente", disse o porta-voz para a América Latina do Departamento de Estado, William Ostick.

A porta-voz do Depar­tamento de Estado, Victoria Nuland, limitou-se a dizer que a questão é um "assunto que concerne aos venezuelanos" e pediu que o processo ocorra de uma "maneira que inclua todos".

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