Centenas de manifestantes encheram as ruas do centro de Caracas, capital da Venezuela, para fazer o que eles chamaram de maletaço. Foi um protesto contra as denúncias de corrupção da PDVSA, a estatal de petróleo do país. Semana passada, um empresário, convidado de funcionários da estatal, aterrissou em Buenos Aires com uma maleta contendo quase US$ 800 mil. O dinheiro foi apreendido e o empresário sumiu.

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O governo diz que a história é uma invenção dos inimigos do país. Mas na noite de quarta-feira (15), o diretor-gerente da PDVSA pediu demissão. E o presidente Hugo Chávez desviou as atenções para um outro assunto. Ele pediu ao Parlamento da Venezuela que reforme a Constituição para que ele possa ser reeleito sem limite, com mandatos de sete anos, no lugar dos seis anos atuais, além do controle total sobre as reservas monetárias do país.

"Proponho ao povo soberano modificar o artigo 230 da seguinte forma: o período presidencial será de sete anos e o presidente ou 'presidenta' da República poderá ser reeleito ou reeleita de imediato para um novo período, sem limite", disse Chávez em meio a aplausos. "Não estou surpreendendo ninguém. O país todo já sabe, não quero que ninguém me acuse de surpreender o país, podem conseguir gravações e artigos da imprensa, antes de 3 de dezembro, sobre os distintos cenários que previ".

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Chávez, no poder há oito anos e que foi reeleito em dezembro passado para mais seis anos, pediu agora "uma reeleição contínua, mas não indefinida, porque a palavra indefinida significa indefinição". "Se alguém vai dizer que é um projeto para me perpetuar no poder, digo que não. É apenas uma possibilidade que depende de muitas variáveis, da vontade de qualquer um de nós, da capacidade dos fatores políticos e do mais importante, a decisão do povo soberano".

Dinheiro na mão

Chávez também pediu ao Parlamento uma reforma constitucional que elimine "todo tipo de autonomia" do Banco Central e dê ao presidente o controle das reservas internacionais da Venezuela. "As reservas internacionais da República serão manejadas pelo Banco Central, mas sob a direção do presidente, que é o administrador da Fazenda pública nacional", disse Chávez ao Congresso, controlado pelo governo.

Chávez questionou o poder "exclusivo" do Banco Central de administrar as reservas internacionais, algo que "pertence a todos os venezuelanos". "As reservas não podem ser manejadas ao capricho" do BC. Segundo Chávez, "o chefe de Estado estabelecerá o nível das 'reservas necessárias' para a economia nacional" e "das reservas excedentes", que serão destinadas a outros órgãos financeiros do governo para subvencionar projetos produtivos.