Hugo Chávez (centro) recebe o presidente eleito do Peru, Ollanta Humala e sua mulher, Nadine Heredia, em Caracas| Foto: Juan Barreto/AFP

Segurança

Presidente admite precariedade de presídios

O presidente Hugo Chávez admitiu ontem que a situação carcerária na Venezuela é um "problema grave" enfrentado por seu governo e pediu aos funcionários públicos que acelerem a transição do sistema para que ele se torne mais humano.

Durante contato telefônico com a televisão estatal, Chávez afirmou que a situação de deterioração e excesso de presos nas 34 prisões do país é "um problema grave, sério".

Após mais de três semanas de negociações e enfrentamentos esporádicos entre os presos e militares, o governo conseguiu, na quarta-feira, retomar o controle do presídio de El Rodeo II, localizado a 50 quilômetros a leste da capital, Caracas. Centenas de presos realizaram uma rebelião no local que durou 27 dias.

Antes do fim da rebelião, um grupo de presos conseguiu escapar, mas as autoridades não disseram quantos fugiram nem quando ocorreu a fuga.

Chávez mostrou-se surpreso com a fuga e com a presença de armas dentro das instalações de El Rodeo II. "É estranho que eles tenham armas de guerra, que tenham capacidade para se manterem no local durante um mês", disse o governante ao denunciar a existência de "máfias" formadas por prisioneiros e os funcionários que trabalham no presídio.

"Isso tem de ser solucionado. É como um câncer que tem de ser tratado", afirmou. (AE)

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Caracas - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, deve retornar a Cuba pa­­ra dar prosseguimento ao tratamento contra o câncer, contrariando as expectativas de que ele viria ao Brasil para tratamento no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

O líder venezuelano solicitou à Assembleia Nacional a aprovação de permissão para ir a Cuba neste sábado para continuar o tratamento. Chávez fez um anúncio em frente do palácio Miraflores, após se despedir do presidente peruano, Ollanta Humala, com quem havia se reunido mais cedo.

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A Constituição da Venezuela prevê que o presidente precisa de autorização oficial para ficar mais de cinco dias ausente do país.

Mais cedo ontem, o Hospital Sírio-Libanês de São Paulo havia informado que esperava a "confirmação do paciente" para iniciar o tratamento do câncer de Chávez. O tratamento no Sírio-Libanês foi abordado na quinta-feira em uma rápida e sigilosa visita a Bra­­sília do chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.

O governo brasileiro não confirmou a viagem relâmpago de Maduro mas, segundo a imprensa, o chanceler visitou a presidente Dilma Rousseff e se reuniu com o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

Na quarta-feira, Chávez havia dito em Caracas que os médicos não descartavam que uma futura "terceira etapa" de seu tratamento seja radioterapia ou quimioterapia para "atacar forte" o que possa ter restado do câncer que foi operado recentemente em Cuba.

Prestes a completar 57 anos, o presidente venezuelano havia agradecido a Dilma na semana passada, por telefone, a oferta para se tratar no Brasil e comentou que "avaliaria" a oferta.

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Popularidade

Chávez blindou sua doença o quanto pôde. Exagero ou não, a verdade é que sua popularidade aumentou entre os venezuelanos, como revela uma pesquisa divulgada ontem.

Segundo a sondagem do instituto GIS XII, se houvesse eleições hoje, 54% dos venezuelanos votariam em Chávez, um aumento de cinco pontos na comparação com maio. E, apesar de praticamente não ter estado na Venezuela du­­rante o mês de junho, os entrevistados parecem ter visto uma melhora no governo: 55% aprovam sua gestão, contra 53% do mês anterior.

Chávez iniciou o tratamento de câncer em Cuba, onde passou por duas cirurgias. Uma delas, em suas palavras, foi para retirar um tumor do "tamanho de uma bola de beisebol".

Durante o período, recebeu autorização do Congresso venezuelano para despachar de Ha­­vana, o que indignou a oposição.

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"A Venezuela era uma antes de 30 de junho e outra depois de 30 de junho (data em que Chávez, de Cuba, admitiu ter câncer). O tabuleiro de xadrez caiu e é preciso remontá-lo por completo", diz Jesse Chacón, diretor do instituto GIS XII e ex-ministro do Interior de Chávez.

Ainda de acordo com a pesquisa, feita entre 27 junho e 3 de julho com 2.500 venezuelanos, 68% dos venezuelanos rechaçaram a opinião expressada por alguns membros da oposição que questionaram a doença de Chá­­vez e sugeriram se tratar de uma estratégia eleitoral – a Venezuela realiza eleição presidencial em 2012.

Assim, 65% disseram que o presidente merece apoio em sua re­­cuperação.