O presidente venezuelano, Hugo Chávez, propôs na quinta-feira um "novo rosto" para o Movimento dos Países Não-Alinhados (MPNA), que foi criado durante a Guerra Fria e que Havana e Caracas tentam relançar nesta semana, aproveitando a cúpula do movimento em Cuba.

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A menos de 24 horas da reunião de aproximadamente 50 chefes de Estado e de governo em Havana, aumentam os sinais de que o líder cubano, Fidel Castro, fará uma aparição pública, o que não acontece desde julho - ele se afastou do poder no dia 31 daquele mês devido a uma cirurgia.

O jornal argentino "Página 12" publicou na quinta-feira a primeira entrevista com Fidel desde a internação. Ele disse que já recuperou parte dos 18 quilos que perdeu com a doença e que já consegue ficar de pé e falar em tom forte. Veja aqui o site do jornal.

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Fotos feitas durante a entrevista com o deputado e intelectual argentino Miguel Bonasso mostram Fidel de pijama, conversando animadamente.

Mas colaboradores próximos ainda não garantem que ele vá participar da cúpula do MPNA, grupo, atualmente com 116 países, que surgiu há 45 anos como alternativa ao mundo bipolar dominado, naquela época, por Estados Unidos e União Soviética.

O MPNA perdeu grande parte do seu sentido com o fim da Guerra Fria, mas Cuba e Venezuela vêem na cúpula uma oportunidade de ganharem aliados para a sua causa antiamericana.

- O grupo dos não-alinhados é muito importante. A Venezuela vem propor a necessidade de dar um novo rosto, um novo corpo, uma nova alma a esse grupo - disse Chávez ao desembarcar em Havana. O líder venezuelano defendeu que a sede da ONU saia dos EUA.

Também já chegaram a Cuba os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, dois outros ferozes críticos de Washington.

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- O império americano está em decadência, ninguém pode negar, é visível - disse Chávez, que é sempre acusado por Washington de usar a riqueza do petróleo para desestabilizar a América Latina.

Apesar dos sinais de recuperação de Fidel, foi seu irmão Raúl, 75, presidente interino, que na quarta-feira recebeu o primeiro-ministro da Malásia, Abdullah Ahmad Badawai, o presidente do Vietnã, Nguyen Minh Triet, e o argelino Abdelaziz Bouteflika.

Chávez disse que iria imediatamente visitar seu amigo Fidel, a quem qualificou de "um Quixote, vitorioso, invencível".

Um diplomata latino-americano disse à Reuters que a publicação das novas fotos de Fidel aumenta a expectativa de que ele participe da reunião.

- Ele foi visto muito recuperado física e mentalmente. Agora parece mais possível que apareça durante a cúpula.

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Bonasso disse na entrevista publicada no "Página 12" que Fidel o recebeu sentado numa cama, com uma mesa móvel diante de si, e que ficou de pé para abraçá-lo.

Na despedida, o jornalista argentino disse que se alegrava de vê-lo bem.

"Tudo em seu justo meio-termo" respondeu Fidel. "Não se pode esquecer que a máquina a consertar já tem 80 anos".

Assessores vinham dizendo que Fidel provavelmente só receberia os dignitários visitantes em reuniões privadas. O presidente do Parlamento, Ricardo Alarcón, disse que o veterano revolucionário participará da cúpula "na medida em que os médicos permitam", mas que "não está na cama, está dando ordens, está dando instruções e demais".

Esta foi a primeira vez que Fidel se afastou do poder desde o triunfo de sua revolução, em 1959. Ele está em local não revelado de Havana.

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