O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi à TV na manhã desta segunda-feira (24) para reconhecer os resultados das eleições regionais, que deram ao seu partido a maior parte dos cargos em disputa, mas deixaram os chavistas fora do governo dos principais estados e municípios. Contados 95,67% dos votos, a oposição venceu em cinco estados - Zulia, Miranda e Carabobo, os três com maior população do país - além de Táchira e Nueva Esparta. A oposição também conquistou a Prefeitura de Caracas, a capital. Os aliados de Chávez ganharam em 17 estados. Mais de 65% dos 16,8 milhões de eleitores registrados votaram, o que foi um recorde em um país onde o voto não é obrigatório.
"Reconheço sua vitória e convoco vocês a seguirem o mais elevado comportamento democrático", afirmou Chávez, referindo-se ao líderes oposicionistas. "O povo falou novamente, e o vencedor é o povo venezuelano", acrescentou, num discurso transmitido da sede do Partido Socialista Unido Venezuelano (PSUV).
A autoridade eleitoral anunciou que o PSUV venceu as eleições para o governo da maior parte dos Estados, mas foi derrotado no Estado rico em petróleo de Zulia e em Nueva Esparta, principal centro turístico do país. Em um resultado surpreendente, a oposição também venceu no Estado de Miranda, o segundo mais populoso, e na prefeitura da capital, Caracas, o que era ainda mais inesperado.
Os oposicionistas também venceram em Carabobo e Táchira. Miranda e Zulia são os maiores Estados do país e o cargo de prefeito de Caracas é considerado o segundo mais importante do país, atrás apenas do presidente. A Prefeitura de Caracas, bem como os governos estaduais de Táchira e Miranda, estavam nas mãos de aliados próximos a Chávez. Em 2004, a oposição boicotou as eleições e os partidários de Chávez venceram em 21 das 23 unidades administrativas do país.
O presidente apontou o comparecimento recorde dos eleitores nos últimos anos como um sinal de que a democracia do país é saudável. "Quem pode dizer que há uma ditadura na Venezuela?", indagou. Ele ressaltou que as instituições venezuelanas estão em pleno funcionamento, apesar das denúncias de fraudes levantadas pela oposição. "Nós respeitamos a decisão do povo", afirmou. O presidente acrescentou que seus aliados terão de refletir sobre os resultados eleitorais e sobre as causas das derrotas. Ele deixou claro, no entanto, que não haverá nenhuma mudança no rumo do governo.
Apesar de reconhecer a derrota em postos cruciais, Chávez considerou as eleições um voto de respaldo ao seu projeto. "Esses números e essa grande vitória socialista é um sinal muito forte. O povo está me indicando: Chávez, segue pelo mesmo caminho, o caminho do socialismo", afirmou o presidente. A situação ganhou em 17 Estados. O irmão de Chávez, Adán, conquistou o governo estadual de Barinas.
Da oposição, o mandatário pediu o "mais alto comportamento democrático". "Oxalá não voltem pelo velho caminho do golpismo", disse, provavelmente referindo-se à tentativa de golpe sofrida por ele em 2002.
O novo governador do Estado de Miranda, o opositor Henrique Capriles, se disse disposto a trabalhar com o presidente, apesar das diferenças. Em Caracas o vencedor foi o também opositor Antonio Ledezma.
O chefe do Comando Estratégico Operacional (CEO), major-general Jesús González, disse que em Anzoátegui, Estado no leste do país, um grupo atacou um centro de votação e furtou dois fuzis AK-103 de militares que cuidavam do lugar. Em Bolívar, no sudeste, houve um confronto entre opositores e governistas e uma pessoa ficou ferida. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.
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