Para García, dar asilo era um “dever”| Foto: Ricardo Stuckert/ Reuters

Caracas e Rio Branco - A Venezuela anunciou a retirada do seu embaixador de Lima e a "avaliação integral" das relações com o Peru em protesto contra o asilo político concedido anteontem pelo governo Alan García ao líder opositor venezuelano Manuel Rosales.

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"A decisão (...) é uma violação do direito internacional, um duro golpe à luta contra a corrupção e uma ofensa ao povo da Venezuela’’, diz a nota da Chancelaria venezuelana, divulgada na segunda-feira à noite.

O governo venezuelano afirmou que Rosales é foragido da Justiça venezuelana, à qual responde por enriquecimento ilícito e corrupção. Também mencionou que a Interpol (polícia internacional) havia emitido uma ordem internacional para a sua captura.

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Rosales nega as irregularidades e acusa o presidente Hugo Chávez de manipular a Justiça para persegui-lo politicamente.

Em visita a Rio Branco, no Acre, e ao lado do colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, García defendeu a decisão de conceder asilo ao venezuelano. Declarou que era um "dever" do país para com uma pessoa que se disse "ameaçada" e que a atitude não deve afetar a relação do Peru com a Venezuela.

"O primeiro dever de um governo democrático é lhe dar proteção. Depois haverá outras circunstâncias em que se pode manter essa proteção ou não", disse García. "Temos uma posição de amizade com o governo da Venezuela. É um governo nascido das urnas. Ninguém pode negar o seu caráter popular. E não queremos que nenhuma circunstância altere a nossa boa relação."

Prefeito licenciado de Maracaibo, a segunda maior cidade da Venezuela, Rosales fugiu da Venezuela em meio a um processo em que é acusado de não justificar um rendimento de US$ 68 mil entre 2002 e 2004, quando era governador do Estado de Zulia, o mais rico do país por concentrar o petróleo.

Em outubro, o presidente venezuelano prometeu comandar uma "operação" para prendê-lo, acusando-o de "mafioso" e de planejar matá-lo.

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No início da semana, o governo peruano concedeu asilo a Rosales, transformando-o no terceiro dirigente antichavista a receber esse benefício sob o governo do conservador García, que mantém uma relação distante com o venezuelano.