Uma semana depois de ser alvo de protestos nas principais cidades venezuelanas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, levou centenas de manifestantes favoráveis ao governo para as ruas. De pé, em um veículo militar, Chávez comandou a manifestação que comemora os 18 anos do movimento que ele liderou contra o ex-presidente Carlos Andrés Pérez.
Pérez que governou o país em duas etapas, a segunda de 1989 a 1993, e é apontado como um dos principais adversários políticos de Chávez.
A data de hoje é chamada de Dia da Dignidade por Chávez e seus correligionários, pois houve uma reação política econômica adotada por Pérez, que era baseada em plano de austeridade. A manifestação ocorre na semana seguinte série de protestos que tomou conta das principais cidades da Venezuela. De Caracas, os estudantes universitários lideraram as manifestações contra as supostas ameaças do governo Chávez de reprimir a liberdade de expressão no país.
Oficialmente, duas pessoas morreram e outras 11 ficaram feridas. A série de protestos agrava a tensão política interna provocada por baixas no governo e pela crise de desabastecimento de energia. Na semana passada, o vice-presidente, os ministros e até o presidente do Banco Central renunciaram aos cargos.
As manifestações foram deflagradas depois de o governo ter determinado a suspensão dos sinais de seis canais de televisão. Houve conflitos entre manifestantes e policiais. O estopim para a onda de manifestações foi a suspensão do sinal da emissora independente RCTV, que é apontada como uma das mais populares do país.
Segundo as autoridades venezuelanas, as emissoras não cumpriram as regras para a transmissão de sua programação. Mas os diretores dos canais de TV negam a acusação. No caso da RCTV, a emissora não teria transmitido a íntegra de um discurso do presidente da República.
Manifestação de opositores
A polícia venezuelana reprimiu com balas de borracha e gás lacrimogêneo a centenas de estudantes que tentaram chegar em passeata à Assembleia Nacional, nesta quinta-feira (4), onde planejavam protestar contra o presidente Hugo Chávez.
O chefe da polícia metropolitana de Caracas, o comissário Carlos Meza, informou que os policiais desmontaram barricadas e cercaram os manifestantes perto de um calçadão, porque a manifestação não tinha autorização do governo para acontecer. Alguns estudantes tiveram que ser levados a clínicas e hospitais por causa do gás lacrimogêneo.
Enquanto a manifestação dos opositores era dissolvida, os partidários de Chávez marchavam no oeste de Caracas, após terem se concentrado num forte militar onde comemoraram a fracassada tentativa de Chávez de dar um golpe de Estado em 1992.
No forte militar, Chávez condecorou a vários oficiais do exército, aos quais ele comandou em 4 de fevereiro de 1992, quando tentou derrubar o presidente Carlos Andrés Pérez. A tentativa de golpe de 1992 rendeu fama a Chávez.
Horas antes, o vice-presidente Elías Jaua fez um apelo aos partidários do governo para que "tomassem as ruas" para que os "inimigos saibam que as forças de Chávez, que a força bolivariana estará em cada rua".