Após um fim de semana em que circularam rumores sobre sua morte, o presidente Hugo Chávez telefonou nesta segunda-feira (23) para um canal da TV estatal, aplacando rumores sobre sua saúde. Mais cedo, membros do governo venezuelano se viram forçados a vir a público negar que Chávez tivesse morrido durante seu tratamento para o câncer em Cuba. Desde que deixou Caracas há nove dias, Chávez só havia se comunicado com os venezuelanos por meio de mensagens no Twitter e, ao contrário de vezes anteriores, não havia conversado ao vivo por telefone com apresentadores da TV estatal ou aparecido em fotos tiradas na ilha.
"Parece que vamos ter que nos acostumar a viver com esses rumores porque são parte dos laboratórios da guerra psicológica, da guerra suja", disse o presidente venezuelano, acrescentando que retornará à Venezuela em 26 de abril, permanecendo nos dias 27 e 28, e viajando depois para uma nova sessão de radioterapia.
A prolongada ausência de Chávez teria estimulado os rumores que no fim de semana atingiram em cheio o país. E o meio escolhido por outras figuras de governo para desmentir as especulações foi justamente o Twitter, o elo encontrado por Chávez para manter o contato com os venezuelanos durante seu período em Cuba.
"Esse pessoal amargo não aprende. Eles têm dito por dias que o comandante morreu, enquanto que o único sem vida é o medíocre do Capriles", escreveu em sua conta no microblog Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional, referindo-se ao opositor Henrique Capriles, que Chávez enfrentará nas eleições de 7 de outubro.
"O único que está no final é aquele bocado de nada", disse o ministro da Informação, Andres Izarra, também no Twitter, usando o mesmo termo que Chávez usa para descrever o opositor Henrique Capriles, seu adversário nas eleições de 7 de outubro e que tem criticado o presidente por governar o país "por controle remoto" de um hospital em Havana.
"Chávez, (o chanceler) Nicolas (Maduro) e eu trabalhamos esta tarde. A lei trabalhista e a economia produtiva foram os temas", afirmou o ministro da Ciência e Tecnologia, Jorge Arreaza, na internet.
No domingo (22), Cabello disse que Chávez estava se recuperando e que deveria regressar à Venezuela esta semana para assinar uma nova lei trabalhista a entrar em vigor no dia 1 de maio.
"Há rumores todo o tempo. Sua ausência dos meios de comunicação e a falta de informações oficiais alimentam essa situação. Mas não há fontes confiáveis sobre essas especulações", explica por telefone, ao GLOBO, a jornalista Cristina Marcano, autora da biografia "Chávez sem uniforme".
Para alguns outros, os rumores teriam partido do próprio governo, numa tentativa de desviar as atenções das denúncias feitas pelo ex-juiz do Tribunal Supremo de Justiça Eladio Aponte, refugiado nos EUA, de interferência nas decisões do Judiciário.
Segundo o jornalista venezuelano Nelson Bocaranda, Chávez teria passado mal na noite de domingo para segunda-feira, com um problema pulmonar, mas já teria se recuperado. Bocaranda, que tem publicado no Twitter e em seu blog detalhes - não confirmados - sobre a doença do presidente venezuelano, afirma que o câncer já teria afetado os rins e o fígado. Segundo ele, esta viagem a Cuba duraria duas semanas.
"Ele tem se queixado de dores na parte superior do fêmur devido ao excesso de radioterapia", escreveu no Twitter. O paciente estaria em Cuba "não para mais sessões de radioterapia ou quimioterapia, mas para receber medicação para a dor que as várias metástases estão produzindo e por uma melhor qualidade de vida".
Mesmo doente, Chávez supera Capriles em 19 pontos percentuais nas intenções de voto, revela uma pesquisa do Instituto Hinterlaces. O estudo foi feito entre 10 e 18 de abril com 1.529 pessoas.
"Neste momento, 53% dos venezuelanos votariam no presidente Chávez, contra 34% que optariam por Henrique Capriles", disse em entrevista ao canal Venevisión, Oscar Schemel, presidente do Hinterlaces.
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