O presidente venezuelano, Hugo Chávez, reduziu suas aparições públicas desde que foi reeleito, em outubro| Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Menos de dois meses após ser reeleito para governar a Venezuela até 2019, o presidente Hugo Chávez, que se diz curado de um câncer, anunciou ontem que voltará a Cuba para fazer mais um tratamento médico.

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Chávez pediu ao Parla­mento permissão para se ausentar do país – sem data de retorno – e se submeter em Havana a "várias sessões de oxigenação hiperbárica" para consolidar "o processo de fortalecimento" da sua saúde.

O presidente venezuelano, que passou por três cirurgias oncológicas desde junho de 2011, não cita o câncer, mas a nova viagem, a ausência de diagnóstico claro e as esparsas aparições públicas desde a vitória eleitoral em 7 de outubro voltam a levantar questões sobre seu real estado.

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Sessões de terapia com oxigênio em câmeras hiperbáricas não são um tratamento oncológico em si, mas podem ser indicadas a pacientes que passaram por radioterapia, como Chávez.

O procedimento, que não é considerado de alta complexidade, implica a respiração de oxigênio puro e é realizado em câmaras com pressão maior que a atmosférica.

Segundo o oncologista Artur Katz, do Hospital Sírio-Libanês, as sessões são recomendadas para curar lesões em tecidos ou em partes moles do corpo (nádegas, abdômen) que não respondem ao tratamento convencional.

"Essa informação pode indicar que houve complicação do tratamento [do câncer], mas não se pode inferir se existe persistência e/ou recorrência do câncer", diz Katz, da equipe que tratou o tumor de laringe do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Eleições regionais

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Chama a atenção o timing do anúncio do presidente venezuelano, que não faz atos públicos desde o dia 15.

Em 16 de dezembro, os venezuelanos voltam às urnas para eleger os governadores. Para a disputa, o presidente nomeou pessoalmente ministros como candidatos para aumentar chances de vitória e aplicar mais um golpe nas lideranças opositoras, que tentam se refazer da derrota de outubro por mais de dez pontos porcentuais.

"É provável que Chávez fique fora durante o resto da campanha para as regionais, o que claramente não ajuda seus candidatos", indicou ontem o banco Barclays Capital a clientes.

Será a primeira vez que o presidente deixa a Venezuela desde que nomeou seu chanceler, Nicolás Maduro, como vice-presidente.