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O chefe da delegação oficialista no diálogo entre o governo da Venezuela e a oposição, Jorge Rodríguez, condicionou nesta terça-feira a retomada dessas negociações ao retorno do avião venezuelano-iraniano retido na Argentina desde junho por possíveis ligações com o terrorismo.
"Não vamos mexer em coisas de diálogo ou em negociações, ou em nenhuma dessas coisas. Muito simples, como dissemos com o diplomata sequestrado Álex Saab, vamos dizer-lhes duas coisas: nos devolvam o avião e queremos de volta nossos irmãos sequestrados", declarou o também presidente da Assembleia Nacional (Parlamento venezuelano) durante uma sessão legislativa.
Rodríguez descreveu a retenção da aeronave como "um sequestro vulgar" e destacou que, se esta não for devolvida, irão "combater" nas ruas e em instâncias internacionais.
A intervenção do parlamentar ocorreu antes que a Assembleia, de contundente maioria chavista, aprovasse por unanimidade um acordo em "repúdio à intenção perversa do governo dos Estados Unidos de apreender ilegalmente o avião sequestrado na República Argentina e que pertence ao povo venezuelano".
Sobre isso, o líder chavista criticou a decisão do Judiciário argentino de reter o avião e a tripulação — cinco iranianos e 14 venezuelanos, dos quais 12 foram libertados na terça-feira passada — e assegurou que este sistema e a promotora do caso, Cecilia Incardona, não são autônomos.
"O poder judiciário da Argentina, esta procuradora não é autônoma, (depende) da embaixada dos Estados Unidos da América, ela é funcionária da embaixada dos EUA, não me venha com independência do Poder Judiciário argentino, isto é mentira", afirmou.
O acordo de repúdio aprovado pelo Parlamento venezuelano será encaminhado à embaixada da Argentina no país, segundo informou o deputado.
Mais cedo, mais de mil partidários do chavismo protestaram em Caracas para exigir a devolução deste avião, bem como para reiterar sua rejeição às sanções impostas pelos EUA.
Este protesto ocorre uma semana depois que o Departamento de Justiça dos EUA pediu à Argentina que permitisse o confisco da referida aeronave, de propriedade da Emtrasur, subsidiária da estatal Consorcio Venezolano de Industrias Aeronáuticas y Servicios Aéreos (Conviasa), sancionada pelo governo americano.