O chavismo consolidou o poder na Venezuela, ao conquistar o poder em 20 dos 23 estados do país, além da capital, Caracas, nas eleições deste domingo, em que 41,8% da população apta a votar foi às urnas e em que, pela primeira vez em 15 anos, houve uma missão de Observação da União Europeia.
O comparecimento às urnas no domingo foi um dos mais baixos em eleições na Venezuela nos últimos anos.
A oposição à ditadura de Nicolás Maduro acabou pagando caro pela falta de unidade - que poderia ter resultado em vitória em, pelo menos, mais três estados - e pelo alto índice de abstenção.
Até o momento, não foram divulgados os números das eleições nas cidades, com exceção de Caracas, que conta com status especial.
Na capital, venceu a ex-ministra do Interior Carmen Meléndez, do PSUV, com 58,93% dos votos já contabilizados. Ela teve larga vantagem para o principal concorrente, Antonio Ecarri, do Alianza Lápiz, que teve 15,54%, e do anti-chavista Tomás Guanipa, da MUD.
O regime ainda conseguiu vencer nos estados de Antoátegui, Apure, Bolívar, Carabobo, Falcón, Guárico, Lara, Mérida, Monagas, Portuguesa, Sucre, Trujillo, Yaracuy, Amazonas, Delta Amacuro e La Guaira.
No estado natal de Hugo Chávez, Barinas, a apuração ainda está em aberto, com o irmão do ex-presidente, Argenis Chávez liderando com 93.097 votos, o que representa 37,05% do eleitorado. Freddy Superlano, da MUD, aparece com 92.424 votos, ou seja 36.79%.
A oposição venceu em Cojedes, um tradicional bastião chavista, com Jose Alberto Galíndez, da MUD, e também em Nueva Esparta, com Rodríguez Ávil, do emergente partido Força Vizinha.
Em Zulia, o estado mais populoso da Venezuela, aconteceu a derrota mais impactante do regime, com o êxito do experiente Manuel Rosales, da MUD.
Apesar de alguns bons resultados, se confirmados os resultados até o momento, o chavismo terá melhorado o desempenho na comparação com as eleições locais e regionais de 2017, quando venceu em 18 estados e Caracas.
Maduro se manifesta
O ditador Nicolás Maduro, após a divulgação dos primeiros resultados, fez um apelo para que sejam estes sejam reconhecidos e comemorou a vitória do chavismo.
"Meu chamado a todos, vencedores ou não vencedores, é de respeitar os resultados, é pelo diálogo político, pela reunificação nacional", afirmou o líder do regime, em discurso feito no palácio presidencial de Miraflores.
Maduro destacou que a vitória do partido que integra, o PSUV, é fruto da "perseverança" e "retidão" da militância.
Além disso, o ditador disse ter esperança de trabalhar com diálogo com os opositores que venceram nos estados de Zulia, Nueva Esparta e Cojedes.
Incidentes
O dia de votação na Venezuela ocorreu com o registro de diversos incidentes, que foram minimizados pelo presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Pedro Calzadilla.
Na cidade de San Francisco, em Zulia, um homem foi assassinado na fila para ir à urna, segundo uma testemunha relatou à Agência Efe. As autoridades locais, no entanto, garantiram que o crime não está relacionado com as eleições.
Ao divulgar os resultados, por volta de 1h (de Brasília), o dirigente do órgão eleitoral não fez qualquer menção ao caso.
A oposição denunciou que Maduro estava se negando a fechar os postos de votação, que estavam vazios ao fim do dia, e fizeram um chamado para que o regime cumprisse o que está estabelecido na lei.
"O regulamento estabelece o fechamento das mesas às 18 horas se não há pessoas na fila. Em várias regiões não querem fechar os centros. Fazemos um chamado urgente ao CNE", afirmou o candidato da Força Vicinal ao estado de Miranda, David Uzcátegui.
O opositor Henrique Caprilles enviou mensagem aos observadores da União Europeia. "A lei obriga o fechamento às 18 horas nos centros eleitorais em que não há eleitores. Maduro e seu partido até agora se negam a permitir que a lei seja cumprida", denunciou.
As últimas três eleições realizadas na Venezuela foram marcadas pela alta abstenção, que se deve em parte ao descontentamento da população diante da grave crise humanitária enfrentada no país, e também pela saída de mais de 5 milhões de venezuelanos que deixaram o país e não estão mais aptos a votar.
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