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Apoiador de Chávez ouve a apuração de votos par a Assembleia venezuelana: meta de manter maioria não foi alcançada | Jorge Silva/Reuters
Apoiador de Chávez ouve a apuração de votos par a Assembleia venezuelana: meta de manter maioria não foi alcançada| Foto: Jorge Silva/Reuters

Diplomacia

Celso Amorim elogia pleito

Folhapress e AFP

Nova York - O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou, no início da tarde de ontem, que o resultado das eleições legislativas na Venezuela é "bom para a democracia na nossa região".

"Foi uma eleição democrática, livre, e o presidente Chávez, que aparentemente usa muito o Twitter, já disse que vai respeitar o resultado. Eu acho que isso é bom para a democracia na nossa região, é um avanço", disse Amorim em Nova York.

O chanceler disse ainda achar "muito bom que a oposição tenha decidido participar desta vez, porque isso leva a um diálogo. Quando houve essa atitude anterior, do boicote – é claro que não temos que dar palpite no que eles decidem –, mas não é positivo para a democracia".

Já o líder cubano Fidel Castro acusou os Estados Unidos de impedir que o presidente venezuelano Hugo Chávez conseguisse os dois terços de cadeiras nas eleições parlamentares, apesar de seu aliado ter obtido uma "grande vitória". "O inimigo conseguiu uma parte de seus propósitos: impedir que o Governo Bolivariano contasse com o apoio dos dois terços do Parlamento. O império talvez acredite que obteve uma grande vitória", afirmou Fidel em mais um artigo divulgado no site oficial Cubadebate.cu.

"Os Estados Unidos contam na Venezuela com fragmentos de Partidos, com medo da Revolução e grosseiras ambições materiais. Não poderão recorrer ao golpe de Estado, como fizeram no Chile em 1973 e em outros países da América", acrescentou Fidel.

  • Saiba como foram as eleições

Caracas - A oposição na Venezuela impôs um revés ao presidente Hugo Chávez nas eleições legislativas de domingo. Com as 67 cadeiras obtidas nas urnas (65 da coalizão Mesa da Unidade mais 2 independentes), não só impediu que o go­­verno alcançasse a meta de assegurar dois terços dos 165 de­­pu­­tados como desferiu um golpe simbólico: somadas, as principais forças opositoras alcançaram 50,9% dos votos nacionais.

Mesmo assim, o chavista Par­­tido Socialista Unido da Vene­­zue­­la (PSUV) manteve folgada maioria na Assembleia Nacional que assume em janeiro, de 98 cadeiras. É o resultado da recente redistribuição de distritos, que privilegiou áreas rurais, em que o presidente é mais forte. "Os esquálidos [opositores] di­­zem que ganharam. Bom, que sigam ´ganhando´ assim", ironizou o presidente venezuelano no Twitter.

Mas o fato é que foi o próprio Chávez quem definiu que o triun­­fo nas legislativas seria obter man­­ter a maioria qualificada no Par­­lamento, necessária para apro­­var leis orgânicas, convocar Assem­­bleia Constituinte e revogar mandatos de magistrados do Judi­­ciá­­rio, por exemplo. E isso ele não conseguiu.

Aos chavistas da próxima As­­sembleia faltará um voto para che­­gar aos 99 que, pela Consti­­tuição, permitem conceder ao pre­­sidente a prerrogativa de legislar por decreto – a chamada lei habilitante. "Provamos que so­­mos maioria", disse Delsa Solór­­zano, eleita pela Mesa da Unidade (MUD), a diversa coalizão antichavista, pa­­ra o Parlatino. "O governo não tem legitimidade para impor seu projeto", argumenta.

A conta feita pela MUD é a seguinte: somados os 5,4 milhões de votos (48%) que conquistou com os 330.260 conseguidos pe­­los dissidentes do chavismo do PPT (Pátria para Todos), ou 2,91% do total, chegam a 50,91%.

Animada com esse desempenho, a oposição já pensa em quem irá escolher como candidato para ser capaz de enfrentar Hu­­go Chávez nas presidenciais de 2012. Foi o que afirmou Henrique Capriles, governador do estado de Miranda e um dos líderes da frente antichavista. "Precisamos cons­­truir um verdadeiro projeto so­­cial, não o socialismo de que Chávez fala, este é um país com uma desigualdade extrema, onde o principal problema é a pobreza", disse, em tom de campanha adiantada.

Suspense

O Conselho Nacional Eleitoral, dominado pelo chavismo, levou longas oito horas para divulgar os primeiros resultados da eleição, que teve alta participação: 66,4% do eleitorado.

A demora, provocada em princípio por atrasos em votações em dois estados, se arrastou levando a oposição a exigir a divulgação final dos resultados.

Já eram 2h da madrugada de ontem quando se soube que Chá­­vez tinha perdido a maioria qualificada. O presidente desistiu de aparecer aos apoiadores que se aglomeravam nos arredores do palácio presidencial. Mais tarde, convocou a imprensa para desafiar a oposição a convocar um referendo para revogar seu mandato antes de 2012.

Agora, o temor da oposição é que Chávez use os três meses que faltam de trabalho da atual As­­sem­­bleia – dominada pelo chavismo após o boicote da oposição às eleições parlamentares de 2005 – para aprovar leis orgânicas im­­portantes como a das co­­mu­­nas, pelas quais pretende redesenhar política e territorialmente o país.

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