O chefão colombiano do narcotráfico Hernando Gómez revelou nesta quinta-feira que entregou 50 mil dólares a Maradona para que o ex-jogador intercedesse a seu favor junto ao governo cubano, o que não ocorreu.
Em uma entrevista concedida à imprensa colombiana um dia antes de ser extraditado para os Estados Unidos, Gómez disse "que lhe esperam muitos anos de prisão" e que chegou o momento de contar a verdade.
Gómez, 49 anos, considerado o mais importante líder do Cartel del Norte del Valle, foi entregue ao DEA americano em uma base militar de Bogotá.
Acusado pelos Estados Unidos de mandar cerca de 500 toneladas de cocaína ao território americano, Gómez foi detido em Cuba em 2004 e enviado à Colômbia em fevereiro.
Segundo o traficante, sua família buscou a mediação do prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez e de guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), e pagou 50 mil dólares a Maradona para evitar que o governo de Fidel Castro o enviasse à Colômbia.
"Minha família, já desesperada, procurou Gabriel García Márquez (...) e falou com o pessoal do ELN, sempre por razões humanitárias, e pagou a Diego Armando Maradona 50 mil dólares para que intercedesse, mas ele sumiu com o dinheiro".
Gómez revelou que antes de viajar a Cuba esteve no Brasil, Venezuela e Argentina, com um passaporte falso que adquiriu no México por 500 dólares, e que foi para a ilha em busca de tratamento para a coluna.
O traficante disse que entrou para o mundo das drogas com o policial Orlando Henao, assassinado na prisão em 1999, que qualificou de o mais poderoso dos chefões colombianos.
Gómez revelou que por meio de seu advogado entregou milhões de dólares em suborno a militares e funcionários, e que Henao recolheu cerca de 2 milhões de dólares para financiar a campanha do presidente Ernesto Samper, eleito em 1994.
O traficante disse ainda que o assassinato do candidato presidencial Alvaro Gómez foi executado pela máfia, que pretendia assim ajudar "políticos comprometidos no escândalo" envolvendo o narcotráfico e a eleição de Samper.
Segundo o narcotraficante, entre seus fornecedores de cocaína estavam o chefe dos grupos paramilitares Carlos Castaño (assassinado) e alguns líderes da guerrilha de esquerda.