Repetindo uma insinuação feita na véspera pelo ditador Vladimir Putin, o chefe do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, ex-KGB), Alexander Bortnikov, acusou nesta terça-feira (26) a Ucrânia de ter participado “diretamente” e o Ocidente de estar envolvido no ataque terrorista cometido na sexta-feira (22) contra uma casa de espetáculos nos arredores de Moscou, que foi reivindicado pelo Estado Islâmico.
“Consideramos que o ato foi preparado por islamistas radicais e, naturalmente, os serviços secretos ocidentais contribuíram para isso”, disse Bortnikov às agências de notícias locais, acrescentando que os serviços de inteligência ucranianos tiveram uma “relação direta” com o ataque.
Em seguida, afirmou que Moscou ainda não conseguiu estabelecer com certeza a identidade dos autores do ataque e que toda a informação à disposição dos serviços de segurança é de “caráter geral”.
“Em termos gerais, consideramos que eles estão envolvidos nisso”, reiterou, respondendo a uma pergunta sobre a responsabilidade de Kiev, argumentando que o FSB sabe que “o lado ucraniano participou na instrução e treinamento de combatentes no Oriente Médio”.
“Os bandidos tinham a intenção de fugir pela fronteira. Direto para o território da Ucrânia. Segundo os nossos dados operacionais preliminares, eles eram esperados lá (...). E vou lhes contar um segredo: do outro lado, eles queriam recebê-los como heróis”, acrescentou.
Bortnikov classificou o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) como uma “organização terrorista” e considerou o chefe da inteligência militar ucraniana, Kirilo Budanov, um “alvo legítimo”.
O chefe do FSB reconheceu que os Estados Unidos os alertaram sobre um possível ataque terrorista em Moscou duas semanas antes do atentado, mas acrescentou que gostaria que a informação “fosse mais concreta”.
Nesse sentido, afirmou que o mesmo aconteceu em 2017, quando um ataque suicida matou 16 pessoas no metrô de São Petersburgo.
Na segunda-feira (25), durante uma reunião que foi transmitida ao vivo pela televisão, Putin culpou “radicais islâmicos” pelo ataque, mas sugeriu que isso teria ocorrido sob ordens da Ucrânia.
“Sabemos que radicais islâmicos cometeram esse crime. Estamos interessados em saber quem deu a ordem”, disse Putin.
“Esse crime pode ser apenas um elo em uma série de tentativas daqueles que estão lutando desde 2014 contra nosso país com as mãos do regime neonazista em Kiev”, afirmou.
“É necessário responder à pergunta: por que os terroristas, depois de cometerem o crime, tentaram fugir pela Ucrânia, quem estava esperando por eles?”, perguntou Putin.
Putin também acusou os Estados Unidos de “persuadir seus satélites e outros países do mundo de que, de acordo com seus dados de inteligência, supostamente, não há vestígios de Kiev no ataque a Moscou, que o ato sangrento foi cometido [apenas] por seguidores do Islã, membros da organização proibida na Rússia, o EI”.
Assim como Putin, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, questionou, em um artigo para o jornal Komsomolskaya Pravda, a alegação dos Estados Unidos de que a Ucrânia não estava envolvida no ataque.
“Atenção – uma pergunta para a Casa Branca: vocês têm certeza de que foi o Estado Islâmico? Não querem pensar um pouco mais sobre isso?”, escreveu Zakharova, que acrescentou que os americanos tentavam culpar o “bicho papão” Estado Islâmico para supostamente acobertar os seus “protegidos” em Kiev.
Oitavo suspeito tem prisão preventiva decretada
O Tribunal Basmanni de Moscou decretou hoje prisão preventiva de dois meses para um oitavo suspeito envolvido no ataque terrorista.
Trata-se de Alisher Kasimov, de 32 anos, um cidadão russo de origem quirguiz que, segundo a investigação, alugou seu apartamento aos supostos autores do massacre.
Segundo os últimos dados oficiais, o ataque na cidade de Krasnogorsk, cerca de 20 quilômetros a noroeste do centro de Moscou, deixou pelo menos 139 mortos e 182 feridos. (Com Agência EFE)
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