Os países que fornecem armas às partes em conflito na Síria estão disseminando a miséria e correndo o risco de causar "consequências indesejadas", disse na terça-feira o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, à Assembleia Geral da entidade. A ONU e governos ocidentais acusam o Irã de fornecer armas às forças governistas sírias, ao passo que Damasco culpa Catar e Arábia Saudita por armarem os rebeldes que tentam derrubar o presidente Bashar al Assad.
"Esse conflito assumiu uma direção particularmente brutal", disse Ban. "A contínua militarização do conflito é profundamente trágica e altamente perigosa. Os que fornecem armas a ambos os lados estão apenas contribuindo com mais miséria - e com o risco de consequências indesejadas conforme os combates se intensificam e se espalham."
Um comitê de especialistas que monitora as sanções contra o Irã, subordinado ao Conselho de Segurança, já apresentou vários exemplos da transferência de armas do Irã para o governo sírio. EUA e Grã-Bretanha, por outro lado, admitem fornecer equipamentos de comunicações e outras formas de assistência aos rebeldes, mas negam entregar armas.
"O conflito está se intensificando", disse Ban. "Quanto mais ele durar, mais difícil será para contê-lo. Mais difícil será encontrar uma solução política. Mais desafiador será reconstruir o país e a economia." "O povo sírio já esperou demais", disse ele. "E agora a região inteira está sendo tomada pela complexa dinâmica do conflito."
A Assembleia Geral da ONU aprovou no mês passado uma resolução, sem nenhuma consequência prática, manifestando "grave preocupação" com a escalada da violência. Mas, no Conselho de Segurança, a China e a Rússia usam seu poder de veto para impedir qualquer resolução que pressione Assad.
O novo mediador da ONU e Liga Árabe para o conflito sírio, Lakhdar Brahimi, que assumiu o cargo no sábado, também fez um breve pronunciamento à Assembleia Geral. "O saldo de mortos é assustador, a destruição está atingindo proporções catastróficas, e o sofrimento é imenso", disse o veterano diplomata argelino. "Estou ansioso por minha visita a Damasco dentro de alguns dias, e (...) a todos os países que estejam em posição de ajudar a que um processo político conduzido pelos sírios vire realidade."