O conflito de 20 meses na Síria atingiu "novos e assustadores auges de brutalidade e violência", num momento em que o governo intensifica seus bombardeios aéreos, e os rebeldes ampliam seus ataques, disse na sexta-feira (30) o secretário-geral da ONU.

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Ban e o mediador internacional Lakhdar Brahimi falaram aos 193 países da Assembleia Geral a respeito da revolta contra o presidente Bashar al-Assad, que começou na forma de protestos pacíficos por democracia, mas acabou resultando em uma guerra civil, depois da repressão militar aos manifestantes.

Os confrontos já mataram cerca de 40 mil pessoas, fazendo dessa a mais sangrenta das revoltas da Primavera Árabe, que desde o começo de 2011 levaram à deposição de líderes autocráticos na Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen.

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"O governo intensificou suas campanhas para erradicar redutos da oposição e ampliou seus bombardeios e ataques aéreos", disse Ban. "Elementos da oposição também intensificaram seus ataques. Estou horrorizado e entristecido, e condenando os massacres aparentemente diários de civis."

Na sexta-feira, caças da Força Aérea atacaram alvos próximos ao aeroporto de Damasco, e uma companhia aérea regional disse que a violência levou ao cancelamento dos voos internacionais. A Internet e a maioria das linhas telefônicas não funcionam pelo segundo dia consecutivo, no pior "apagão" das telecomunicações desde o início do conflito.

Ban disse que, com a aproximação do inverno, até 4 milhões de pessoas na Síria devem passar necessidades, e o número de refugiados pode saltar dos atuais 480 mil para 700 mil no começo de 2013. Ele fez um apelo por mais assistência humanitária, e disse que em breve irá visitar campos de refugiados na Jordânia e Turquia para avaliar a situação.

Brahimi disse que as forças rebeldes obtiveram avanços nas últimas semanas, mas que o governo continua confiante do seu domínio.

"As áreas que (os rebeldes) controlam estão se ampliando, e com valor estratégico em alguns casos", afirmou ele. "Na Síria propriamente dita, não há confiança entre as partes. Eles nem definem o problema nos mesmos termos."

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O diplomata argelino alertou a Assembleia Geral que a Síria corre o risco de se tornar um "Estado falido", e pressionou o Conselho de Segurança a adotar uma resolução que apoie a sua mediação e estabeleça uma força internacional de paz para a Síria.

Há meses divergências entre membros permanentes do Conselho impedem qualquer medida significativa. Os EUA e seus aliados europeus acusam a Rússia e a China de bloquearem qualquer resolução contra Assad. Moscou e Pequim já vetaram três textos que condenavam Assad, e rejeitam a ideia de sanções.