Mechaal Tamo tinha 53 anos e integrava o Conselho Nacional Sírio, principal coalizão de oposição no país. Ele foi morto em casa| Foto: AFP Photo/Youtube
Após o anúncio da morte de Tamo, manifestantes foram às ruas protestar contra o governo

Um chefe da oposição curda, Mechaal Tamo, foi morto nesta sexta-feira (7) na Síria, onde manifestações contra o regime foram novamente reprimidas de forma sangrenta, no momento em que a Rússia considerou pela primeira vez a saída do presidente Bashar al-Assad.

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Em Damasco, o opositor e ex-deputado sírio Riad Seif foi hospitalizado após ser espancado por agentes de segurança na entrada da Mesquita al-Hassan, no bairro Midane, denunciaram os Comitês de Coordenação Local (LCC), movimento que organiza as manifestações.

Em Qamichli, Mechaal Tamo, 53 anos, membro do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão de oposição no país, foi assassinado por homens armados em sua casa, segundo militantes.

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"Quatro homens armados e mascarados entraram na casa de Mechaal Tamo e atiraram nele, no seu filho Marcel e em um amigo", sendo que os dois últimos ficaram feridos, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), sem precisar quem efetuou os disparos.

A agência oficial de notícias síria, Sana, confirmou a morte de Tamo, mas disse que ele foi morto por "homens armados em um carro preto que dispararam contra seu veículo".

Após o anúncio da morte, milhares de manifestantes curdos saíram às ruas, principalmente diante do hospital de Qamichli, para onde o corpo de Tamo foi levado.

Fundador do Movimento Futuro, um partido liberal curdo que considera os curdos como parte integrante da Síria, Mechaal Tamo foi recentemente libertado após três meses e meio na prisão. Ele rejeitou uma proposta de diálogo apresentada aos partidos curdos pelas autoridades do governo para resolver a crise que atinge o país desde março.

Criado no fim de agosto em Istambul, o CNS reúne a maioria das correntes políticas de oposição ao regime de Assad, em particular os LCC, liberais, a Irmandade Muçulmana, além dos partidos curdos e assírios.

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Milhares de pessoas marcharam nesta sexta-feira em todo o país com o lema "O CNS é nosso representante, o meu, o seu e o de todos os sírios".

Como em todas as sextas-feiras, as forças de segurança abriram fogo para dispersar os manifestantes, matando nove civis: três em Duma e um em Zabadani, duas cidades próximas a Damasco, um na região de Jisr al-Chughur, e quatro em Homs, segundo o OSDH.

Tiros e explosões podiam ser ouvidos em Homs, onde manifestantes exigiram a queda do regime. Eles bateram seus sapatos em fotografias do presidente sírio, cujo rosto foi marcado com uma cruz, segundo um vídeo postado no YouTube.

Em Maaret al-Numane, na região de Idleb, as forças de segurança atiraram contra uma grande manifestação perto da fronteira turca, ferindo cinco pessoas, segundo o OSDH.

Em Deraa, milhares de pessoas pisaram em bandeiras gigantes da Rússia e da China, que se opuseram na terça-feira ao projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU condenando a repressão. Eles gritavam "o povo quer a saída do presidente", segundo um outro vídeo.

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O presidente russo Dmitri Medvedev, cujo país é um aliado próximo de Damasco, considerou pela primeira vez nesta sexta-feira a saída de Assad, mesmo mantendo sua oposição a qualquer ingerência dos ocidentais em questões internas sírias.

"Nós trabalhamos ativamente com os líderes sírios para que eles façam as reformas indispensáveis. Se eles não forem capazes de realizar estas reformas, eles devem sair", afirmou. "Mas cabe ao povo e ao regime sírio decidir isso, e não à Otan ou a alguns países europeus".

Aliado de longa data da Síria, para a qual fornece armamento, a Rússia decidiu ser a advogada do regime Assad e acolherá em outubro duas delegações de oposição, como já fez - sem grande sucesso - no passado.

A repressão deixou mais de 2.900 mortos, sendo pelo menos 187 crianças, segundo a ONU, o que faz o Conselho de Direitos Humanos intensificar suas críticas à Síria.

Vários países ocidentais pediram que Damasco permita a entrada sem impedimentos da Comissão Internacional Independente de Investigação, encarregada em agosto pela ONU para investigar as violações dos Direitos Humanos.

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