O Ministério da Agricultura e Pecuária do Paraguai protagonizou um vexame ao assinar um memorando de entendimento com os Estados Unidos de Kailasa, um país que não existe. O documento foi assinado pelo chefe de gabinete da pasta, Arnaldo Chamorro, que foi destituído do cargo após a repercussão negativa do caso.
O suposto país de Kailasa foi criado pelo guru hindu Nithyananda Paramashivam, que é acusado de violação e agressão sexual na Índia. Segundo informações da BBC, Paramashivam afirma ter comprado uma ilha no Equador para “fundar sua nação”, mas o governo equatoriano nega essa informação. Kailasa não é reconhecido por nenhum país ou organização internacional.
Segundo o memorando, o Ministério da Agricultura expressou seu “desejo e recomendação” para que o governo do Paraguai estabelecesse “relações diplomáticas com Kailasa” e apoiasse sua admissão como Estado soberano independente em várias organizações internacionais, como as Nações Unidas. O documento também previa uma cooperação agrícola entre as partes.
Chamorro admitiu que assinou o documento “sem saber onde ficava Kailasa” e que apenas recebeu uma proposta de ajuda para a irrigação de pastos. Ele disse que dois supostos representantes de Kailasa se aproximaram de forma particular da pasta e que só falavam inglês. Chamorro também revelou que os falsos diplomatas chegaram a se reunir com o titular da pasta da Agricultura, Carlos Giménez.
Além do Ministério da Agricultura, outras autoridades do Paraguai também caíram na farsa de Kailasa. Segundo informações do site paraguaio ABC, dois municípios do país, María Antonia e Karapai, assinaram acordos de “irmandade” com o país fictício e receberam supostas doações de medicamentos. Um assessor externo do Congresso do Paraguai também pediu o “reconhecimento” de Kailasa.
Segundo informações da BBC, em março deste ano os Estados Unidos de Kailasa chegaram a participar de dois debates em uma sessão da Organização das Nações Unidas (ONU), mesmo sem ser membro da organização. Na época, a ONU afirmou que as intervenções de Kailasa foram “irrelevantes” para os assuntos que estavam sendo debatidos na sessão e que iria ignorar qualquer declaração feita pelos supostos representantes do país fictício.
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