O chefe da inteligência libanesa, Wissam al Hassan, morto nesta sexta-feira (19) na explosão de um carro-bomba em Beirute, liderou uma investigação que culminou recentemente na prisão de um aliado do ditador da Síria, Bashar Assad. Síria e Líbano dividem complexos laços e rivalidades políticas que causam frequentemente eco de um lado a outro.
Fontes indicam que Al Hassan liderou a investigação que, em 9 de agosto, levou à prisão o ex-ministro da Informação libanês Michel Samaha, que era um dos principais aliados do regime sírio no país, chegando a atuar como um assessor de imprensa extraoficial. A informação é a de que, na prisão, Samaha admitiu ter transportado ele mesmo, de carro, da Síria ao Líbano, explosivos para atacar personalidades libanesas.
Samaha e o chefe do Escritório de Segurança Nacional da Síria estão sendo processados na Justiça libanesa por planejar ataques terroristas no Líbano. Outros políticos e figuras religiosas também foram indiciados.
O Líbano foi atingido por uma onda de bombardeios e outros ataques que começou em 2005 com um atentado que matou o premiê Rafik Hariri, sunita, e outras 20 pessoas no centro de Beirute. Nos anos seguintes, muitas figuras anti-Síria foram assassinadas, a maioria em ataques de carros-bomba.
O investigador morto hoje era também um aliado pessoal de Hariri e também liderou o encontro de pistas que implicaram a Síria e o movimento armado libanês Hizbollah, xiita, no assassinato do premiê. O regime sírio e o Hizbollah negam as acusações.
O último grande atentado ocorrido em Beirute foi em 2008, quando um carro-bomba matou um outro chefe de polícia libanês que investigava justamente uma série de explosões. Outras 38 pessoas foram feridas. O Líbano viveu relativa calma desde então. Com o início no confronto na Síria, porém, voltaram a ocorrer esporádicos tiroteios entre facções pró e anti-Assad.