MOSCOU - O chefe de uma investigação parlamentar sobre a tragédia da escola de Beslan, na Rússia, afirmou que só os terroristas deveriam ser culpados pelos eventos, em declaração que sugere que os burocratas acusados de incompetência por não terem conseguido acabar com o cerco poderão ser isentos de responsabilidade.
Cerca de 330 pessoas - metade delas crianças - morreram após extremistas chechenos terem tomado a escola no Sul do país por três dias, em setembro de 2004.
A maior parte das pessoas morreu em uma série de repentinas explosões e incêndios no fim do cerco, mas ainda não ficou claro o que provocou a carnificina.
Muitos sobreviventes culparam as autoridades locais por não terem impedido os radicais de chegar a Beslan e por permitir que o impasse terminasse em um banho de sangue.
Mas Alexander Torshin, um senador à frente da investigação oficial, afirmou na quinta-feira que era um erro culpar qualquer outra pessoa que não os rebeldes leais ao líder checheno Shamil Basayev pelo ocorrido.
- Por que a opinião pública está tão interessada em ver burocratas punidos e não na prisão dos mentores do ato terrorista? - questionou ele, segundo o jornal "Rossiiskaya Gazeta". - Basayev ainda está foragido e não sabemos se ele está planejando outras afrontas - acrescentou.
Os comentários dele contradizem uma investigação de parlamentares locais na região da Ossétia do Norte, que concluíram, no mês passado, que o cerco foi "principalmente culpa dos órgãos de segurança".
A população local diz que autoridades corruptas ignoraram ou conspiraram na jornada do grupo rebelde até a escola e depois não conseguiram organizar uma resposta efetiva.
Torshin concordou que as autoridades deveriam responder por não ter contido o cerco, mas disseram que se concentrar na culpa deles era algo bizarro:
- A culpa pelo ato terrorista mais sangrento na História da Rússia é dos terroristas(...) Isso não deveria ser esquecido.