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Chegada do homem à Lua há 45 anos: um grande sucesso da TV

Astronauta Neil Armstrong, da Apollo 11, fotografando a própria sombra projetada na superfície da Lua, em julho de 1969 | Nasa/Reuters
Astronauta Neil Armstrong, da Apollo 11, fotografando a própria sombra projetada na superfície da Lua, em julho de 1969 (Foto: Nasa/Reuters)

A chegada do homem à Lua e seu retorno à Terra, aventura cujos 45 anos são celebrados nessa semana, no dia 20 de julho, foi uma grande conquista técnica e científica, mas talvez não tivesse o mesmo impacto se não fosse a televisão.

Com mais de 500 milhões de espectadores que assistiram ao vivo ao acontecimento - a maior audiência conseguida até então -, a televisão foi o ingrediente fundamental do primeiro marco verdadeiramente planetário.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o passeio lunar atraiu 125 milhões de espectadores, quase o dobro do previsto inicialmente, segundo informava a revista "Broadcasting" em artigo publicado em 28 de julho de 1969.

O feito midiático teve custo de US$11 milhões e calcula-se que mais de mil pessoas tenham participado do processo de produção que tinha que ser "o maior espetáculo da história da televisão".

Uma rede de 20 estações terrestres interconectadas com satélites sobre o Atlântico, o Pacífico e o Índico, permitiram levar o sinal gerado pela Nasa aos telespectadores de Estados Unidos, América Latina, Europa, Norte da África, Ásia e Austrália.

O distante Alasca recebeu a cobertura por meio de um satélite da força aérea e de uma antena do exército, para poder ver ao vivo a transmissão.

A televisão, que começou a penetrar nas casas das famílias americanas nos anos 50 e se popularizou nos 60, já colorida, se posicionou como um meio ideal, em plena Guerra Fria, para moldar a opinião pública. Os Estados Unidos, que disputavam com a União Soviética a liderança na Terra e no espaço, foram muito conscientes da utilidade do aparelho.

A Nasa calcula que 530 milhões de pessoas no mundo assistiram a alunissagem e os primeiros passos dos astronautas Neil Armstrong e Edwin Aldrin, que, além das câmeras que levavam dentro, quando saíram do "Eagle" colocaram outra em um tripé a 9 metros do módulo lunar para que todos os movimentos ficassem registrados.

A transmissão do acontecimento também foi um desafio para os jornalistas. Nos Estados Unidos, o lendário jornalista Walter Cronkite transmitiu durante 17 horas o evento junto com o astronauta Walter Schirra. Os dois ficaram vários segundos em um silêncio sepulcral depois que o módulo posou na Lua, antes de poder celebrá-lo com confiança.

Os anos 60 foram agitados para os Estados Unidos, com revoltas sociais, a Guerra do Vietnã que sangrou a juventude do país e os assassinatos do presidente John F. Kennedy (1963) e do ativista Martin Luther King (1968).

Por isso, a chegada à Lua, um objetivo fixado pelo presidente Kennedy em seu famoso discurso em 1961, foi uma janela à esperança e uma fonte de inspiração para as futuras gerações de astronautas, engenheiros e cientistas, que sonharam em fazer parte da Nasa.

No entanto, a baixa qualidade das imagens que chegaram ao planeta Terra, e que agora foram restauradas pela Nasa, fez os mais desconfiados duvidarem das intenções dos Estados Unidos, e se estenderam algumas teorias da conspiração que propagaram a mentira que tudo tinha sido gravado em um estúdio de cinema.

Detalhes como que a bandeira tremula ou que as sombras das fotos não são paralelas deram sustento a vários livros fantasiosos, séries de televisão e filmes, que não diminuíram em nada o fascínio por aquela façanha e a adoração a seus heróis.

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