Pelo menos 60 menores de idade sofreram sintomas de intoxicação nesta terça-feira (14) devido a um novo episódio de emissão de gás na cidade de Quintero, uma área conhecida como "Chernobyl chilena" desde que um derramamento químico deixou 1,7 mil afetados, em 2018.
O prefeito do município, Maurício Carrasco, informou à imprensa local que os afetados são principalmente alunos de escolas e creches da cidade litorânea, onde estão localizadas mais de 15 indústrias, incluindo usinas termelétricas, companhias petrolíferas e estações de tratamento de cobre.
"Pela manhã eram 17, depois 40, mas agora com as creches, já passamos de 60 crianças com algum desconforto e espero que não continue aumentando", disse o prefeito da cidade, onde na semana passada pelo menos outras 150 pessoas foram afetadas por um episódio semelhante.
Na ocasião, o Corpo de Bombeiros confirmou a presença de sulfeto de hidrogênio no ar "em concentrações que podem ser prejudiciais", o que obrigou à evacuação de duas creches, disse Carrasco.
Quintero e a cidade vizinha de Puchuncaví - 150 quilômetros a oeste de Santiago - formam uma das cinco "zonas de sacrifício" do país, espaços repletos de atividade industrial com graves consequências para a saúde de seus habitantes e para o meio ambiente.
Envoltos diariamente em uma nuvem tóxica de smog, que provoca chuva ácida, os habitantes dessas cidades adoecem até quatro vezes mais do que a média nacional, com tumores respiratórios, cardiovasculares e malignos, segundo um estudo da Universidade Católica e da Fundação Chile Sustentável.
Após vários dias de reclamações por possível intoxicação, o governo decretou no último sábado um alerta sanitário para as duas localidades e garantiu que o fechamento de fábricas e instalações industriais teria prioridade sobre o de escolas.
Também informaram que o Ministério da Saúde iniciará estudos a partir de julho para determinar o impacto dos metais pesados nas pessoas que vivem na área afetada e um programa de reparação sanitária para as pessoas na área que estão se recuperando.
Dias antes, as autoridades ambientais já haviam ordenado que seis indústrias reduzissem suas atividades, com restrições específicas para a mineradora estatal Codelco e a elétrica AES Gener.
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