No ápice de uma crise político-social alimentada por protestos que tomaram as ruas do país nos últimos dias, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou neste sábado (26) ter pedido a seus ministros que renunciem aos cargos. "Pedi a todos os ministros que coloquem seus cargos à disposição para poder estruturar um novo gabinete, para poder enfrentar estas novas demandas frente a novos tempos", disse o mandatário.
Um milhão nas ruas: as políticas liberais levaram à crise no Chile?
O comunicado, feito no Palácio de La Moneda, sede da presidência, foi transmitido ao vivo nos canais de televisão chilenos e também pelas redes sociais.
No discurso de pouco mais de seis minutos, Piñera ainda pediu apoio do Congresso para uma pauta que discute melhorias na aposentadoria dos idosos e no mercado de trabalho e que dá estabilidade nos preços de serviços básicos como água e eletricidade.
Paralelamente, o Departamento de Defesa Nacional do Chile informou também neste sábado a suspensão do toque de recolher na capital, Santiago, e nas cidades de Valparaíso, Concepción e La Serena. A medida estava em vigor desde 19 de outubro. O documento foi reproduzido na conta oficial do Exército do Chile no Twitter.
"Durante o transcorrer dos dias, a Região Metropolitana tem alcançado índices de normalidade, tanto no funcionamento da cidade, como na vida dos habitantes, alcançada graças à contribuição de todos os cidadãos", diz o documento.
Protestos no ápice
Na sexta-feira, 25, mais de 1 milhão de pessoas protestaram no Chile para pedir melhorias sociais no país. Com bandeiras, apitos, cartazes, panelas e frigideiras para se fazerem ouvir, houve protestos pacíficos de norte a sul, no oitavo dia de marchas contra o governo do presidente Sebastián Piñera.
Os manifestantes expressavam demandas como melhores salários e aposentadorias e melhorias no setor de educação.
Mais cedo na sexta-feira, na cidade portuária de Valparaíso, manifestações haviam feito com que o Congresso chileno fosse esvaziado pela primeira vez desde sua reabertura, em 1990, após o fim da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990).