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O presidente do Chile, Gabriel Boric, anunciou nesta quinta-feira (6) o envio de uma nota de protesto à Venezuela pelas declarações de seu procurador-geral, o chavista Tarek William Saab, que nesta quarta-feira (5) apontou os serviços de inteligência chilenos como supostos responsáveis pelo assassinato do ex-oficial militar opositor de Nicolás Maduro, Ronald Ojeda, no mês de fevereiro, em Santiago.
“Instruí o chanceler a apresentar uma nota de protesto. O Chile é um país sério, onde funcionam as instituições, onde há separação de poderes, onde o Ministério Público está realizando uma investigação séria e responsável”, afirmou o mandatário chileno em declarações a jornalistas.
Boric disse que “os comentários do procurador venezuelano mostram efetivamente que não há vontade adequada para resolver um caso que é tremendamente complexo” e garantiu que adotará “todas as medidas ao nosso alcance” para encontrar os responsáveis pelo crime.
“Quando as instituições do nosso país são insultadas, denegridas ou questionadas, o que temos de fazer é agir com muita clareza e firmeza”, disse o presidente, que, no entanto, rejeitou o rompimento das relações diplomáticas.
Ojeda, opositor do regime de Maduro e asilado político no Chile, foi sequestrado em 21 de fevereiro em Santiago e seus restos mortais foram encontrados dez dias depois em uma cidade periférica da capital, enterrados sob um bloco de cimento.
Em abril, a Procuradoria chilena associou o crime à quadrilha criminosa Tren de Aragua, nascida em uma prisão venezuelana e espalhada por Chile, Peru, Colômbia e Bolívia, e solicitou o apoio das autoridades venezuelanas para esclarecer os fatos. Organizações acusam o regime chavista de ter relações com o grupo criminoso.
Até agora, há apenas um jovem venezuelano detido no Chile, mas há outros dois suspeitos com mandados de prisão, que as autoridades chilenas acreditam estarem na Venezuela.
Tarek William Saab disse nesta quarta-feira que o crime de Ojeda foi uma operação para "obscurecer" as relações entre os dois países, na qual participaram órgãos de inteligência chilenos e estrangeiros "com interesses espúrios", ao mesmo tempo que rejeitou que os dois suspeitos serão extraditados para o Chile se forem presos.
O caso há meses vem gerando atritos entre os dois países e acusações de falta de cooperação por parte do Chile com a Venezuela.
Boric já convocou para consultas no dia 11 de abril seu embaixador em Caracas, Jaime Gazmuri, que finalmente retomou suas funções diplomáticas poucos dias depois.
“O importante é que a verdade seja conhecida e que haja justiça. Nisso confio plenamente nas instituições chilenas”, acrescentou Boric.
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