Chilenos foram às ruas de Santiago e comemoraram a morte do general Manuel Contreras, um dos principais repressores da ditadura de Augusto Pinochet (1973-90). Condenado a mais de 500 anos de prisão, ele morreu na noite de sexta-feira (7) no Hospital Militar de Santiago, após enfrentar câncer no cólon, hipertensão e diabetes.
O estado do militar de 86 anos e ex-chefe da temível Direção de Inteligência Nacional (Dina), a polícia secreta de Pinochet, tinha se agravado nas últimas semanas, quando os médicos suspenderam todos os tratamentos e, a partir de então, só davam a ele paliativos para a dor, de acordo com relatos. Em razão do diabetes, que tinha afetado seus rins, Contreras fazia diálise três vezes por semana. Uma vez conhecida a morte do general aposentado, dezenas de pessoas se reuniram em frente ao hospital para gritar: “assassino, assassino, assassino!”.
Um dos idealizadores da Operação Colombo e da Operação Condor, que envolveram nos anos 70 e 80 as ditaduras militares da América Latina em operações coordenadas para eliminar opositores, Contreras estava condenado a mais de 500 anos de prisão em 58 sentenças definitivas e tinha outros 56 julgamentos abertos.
Degradação
Na quinta-feira (6), o presidente do Partido Comunista do Chile, deputado Guillermo Teillier, tinha pedido ao ministro da Defesa, José Antonio Gómez, a degradação do general Manuel Contreras antes que morresse. Teillier enviou um ofício a Gómez para saber por que “Contreras não tinha sido degradado”.
Em sua carta, o presidente dos comunistas chilenos destacava que Contreras mantinha sua qualidade de general da República, apesar de o artigo 222 do Código de Justiça Militar estipular que “a pena de morte e as de presídio e reclusão perpétuas leva consigo a degradação”.
Na mesma linha, a advogada de direitos humanos Carmen Hertz lamentou na sexta-feira que o militar tenha morrido com a distinção de general, “o que é uma vergonha para o exército chileno”.
Os familiares de Contreras disseram que seu funeral será privado.
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