A China admitiu nesta terça-feira que é o maior emissor global de gases do efeito estufa, confirmando o que cientistas já diziam há anos, mas defendeu o seu direito de continuar aumentando suas emissões.
Xie Zhenhua, principal negociador climático chinês, fez esse comentário ao explicar qual será a posição do seu país na próxima conferência da ONU sobre o tema, que começa na próxima segunda-feira em Cancún (México).
Cientistas e entidades internacionais dizem desde 2006/07 que a China superou os EUA como maior emissor mundial de dióxido de carbono e outros gases do efeito estufa.
Até agora a China se esquivava, dizendo que era preciso mais avaliações, e que seria mais justo levar em conta as emissões per capita.
Mas, na entrevista coletiva em Pequim, Xie disse: "Agora estamos como número 1 do mundo em termos de volumes de emissões."
Ele argumentou, no entanto, que ao longo do tempo os países ricos emitiram mais gases do efeito estufa, e que por isso deveriam fazer cortes mais profundos, permitindo aos países pobres que continuassem tendo margem para mais emissões - e para mais crescimento econômico.
"A China está dando passos na esperança de que possamos chegar ao auge (das emissões) assim que possível", afirmou ele.
Os comentários de Xie não apareceram na transcrição da entrevista coletiva no site do governo (www.gov.cn) nem nos relatos da agência oficial de notícias Xinhua.
A China, que não tem divulgado estatísticas recentes sobre suas emissões, se compromete a reduzir não o volume total de emissões, e sim a "intensidade de carbono" - ou seja, as emissões de gases por cada dólar gerado na economia.
Segundo a empresa BP, as emissões chinesas de dióxido de carbono atingiram 7,5 bilhões de toneladas em 2009, um aumento de 9 por cento em relação ao ano anterior. O volume representa 24 por cento das emissões mundiais no ano passado.
Divergências entre países ricos e pobres são o principal entrave à adoção de um novo tratado climático global.
A China e outros grandes países emergentes rejeitam limites obrigatórios às suas emissões. No mês passado, o negociador climático dos EUA, Todd Stern, defendeu um "novo paradigma" nas discussões, argumentando que os países desenvolvidos atualmente respondem por apenas 45 por cento do total global de emissões.