John Ratcliffe é diretor de Inteligência Nacional dos EUA| Foto: Brendan Smialowski/AFP
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"A República Popular da China representa a maior ameaça à América hoje e a maior ameaça à democracia e à liberdade em todo o mundo desde a Segunda Guerra Mundial", afirmou John Ratcliffe, diretor de inteligência nacional dos EUA, em um artigo de opinião publicado na edição desta sexta-feira (4) no Wall Street Journal.

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O designado de Donald Trump para o principal cargo da inteligência americana disse, com base nas informações as quais teve acesso, que Pequim "pretende dominar os EUA e o resto do planeta economicamente, militarmente e tecnologicamente" e que "muitas das principais iniciativas públicas e empresas proeminentes oferecem apenas uma camuflagem para as atividades do Partido Comunista Chinês".

Ao escrever sobre roubo de propriedade intelectual, Ratcliffe citou o exemplo da companhia chinesa Sinovel, fabricante de turbinas eólicas condenada em 2018 por roubar segredos comerciais da American Superconductor. Segundo ele, apesar das penas impostas contra a chinesa, a empresa americana perdeu mais de US$ 1 bilhão em valor de ações e teve que cortar 700 empregos. "Hoje a Sinovel vende turbinas eólicas em todo o mundo como se construísse um negócio legítimo por meio de engenhosidade e trabalho árduo, em vez de roubo", concluiu, salientando que o governo dos EUA estima que o roubo de propriedade intelectual por parte da China custe aos EUA até US$ 500 bilhões por ano.

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As campanhas de influência da China sobre os legisladores americanos também está aumentando e já é seis vezes mais frequente do que as campanhas da Rússia e 12 vezes mais frequentes do que as campanhas do Irã.

Nesta semana, o Departamento de Estado dos EUA anunciou restrições de viagem para membros do Partido Comunista Chinês ao país, alegando que eles são "hostis aos valores americanos" e realizam "atividades prejudiciais".

Ratcliffe, que deve ser substituído por Avril Haines na gestão do democrata Joe Biden, também escreveu sobre as intenções militares da China. Segundo ele, informações da inteligência americana mostram que o país asiático conduziu testes em membros do Exército da Libertação Popular "na esperança de desenvolver soldados com capacidades biologicamente aprimoradas".

Ele voltou a fazer coro às preocupações de segurança dos Estados Unidos com o 5G da chinesa Huawei, que, segundo ele, aumentará as "oportunidades de Pequim de coletar inteligência, interromper as comunicações e ameaçar a privacidade de usuários em todo o mundo", portanto, trata-se de uma questão que não afeta apenas os EUA, mas também outras nações.

"A China acredita que uma ordem global sem ela no topo é uma aberração histórica. Seu objetivo é mudar isso e reverter a difusão da liberdade em todo o mundo", concluiu Ratcliffe. "Esta geração [americana] será julgada por sua resposta ao esforço da China para remodelar o mundo à sua própria imagem e substituir os Estados Unidos como a superpotência dominante. A inteligência é clara. Nossa resposta também deve ser", concluiu.

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O foco na China em questões comerciais e de segurança nacional foi uma das marcas do governo Trump e representou uma mudança na política de defesa dos EUA, que por quase duas décadas foi focada na luta contra o terror.