O governo chinês aumentou a segurança, impôs toque de recolher e passou a controlar a saída de estudantes das escolas e universidades nas principais cidades da Mongólia Interior, depois dos protestos, na semana passada, contra o que os manifestantes consideram desrespeito dos direitos dos mongóis pelos chineses da etnia han.
É o mais recente caso de tensão étnica do país, que já enfrenta problemas no Tibete e em Xinjiang. O estopim foi a morte de um líder de pastores mongóis, atropelado e morto no dia 11 por um caminhão de transporte de carvão conduzido por um han. Manifestantes dizem que o crime foi premeditado. Como muitos mongóis, o pastor era conhecido apenas por um nome, Mergen, e participava de um piquete para tentar impedir a passagem dos caminhões por pastagens da região.
A Mongólia Interior é a principal fonte de carvão da China, produto que responde por quase 70% da matriz energética do país. Os pastores sustentam que sua exploração beneficia principalmente os han. O tráfego de caminhões ainda leva à morte de animais e à destruição de pastagens. Muitos veículos optam por atalhos fora das estradas, para reduzir custos e ganhar tempo. Os han representam 79% da população de 24 milhões de pessoas da região e os mongóis, 17%. Os restantes 4% são integrados por outras etnias.
Em resposta aos protestos, o governo anunciou ontem que o motorista que atropelou Mergen será julgado por homicídio. Na sexta-feira, o secretário-geral do Partido Comunista na Mongólia Interior, Hu Chunhua, reuniu-se com estudantes e professores e afirmou que qualquer pessoa suspeita de cometer crimes será levada à Justiça, mas não fez referências explícitas ao caso de Mergen.