A China anunciou ontem restrições para a utilização de microblogs, o fechamento de vários sites de internet e a prisão de pessoas acusadas de espalhar rumores de golpe de Estado em Pequim. Isso ocorre 15 dias após a destituição do prefeito de Chongqing, Bo Xilai, um dos políticos mais populares da China, numa reviravolta política que rompeu a imagem de unidade que o Partido Comunista Chinês tenta transmitir.
O incidente alimentou todo tipo de especulações na rede. Ontem, os dois principais serviços de microblogs chineses, Sina Weibo e Tencent QQ, suspenderam a possibilidade para os internautas de fazer comentários on-line, oficialmente para lutar contra os "rumores perniciosos". Os dois grupos afirmaram que esta medida se manteria vigente até terça-feira, num momento em que as autoridades mostram um nervosismo crescente diante da onda de críticas que circulam pelos microblogs.
Como não têm acesso a Twitter, Facebook ou Youtube, os internautas chineses usam as mensagens de 140 caracteres dos microblogs para denunciar escândalos e fazer queixas sobre o governo. "Suspender os comentários de todos os usuários de microblogs é um atentado grave contra a liberdade de expressão e isso ficará gravado na história", escreveu o ativista Lawyer 80, no site weibo.com. Peng Xiaoyun, outro ciberativista, convocou seus leitores a se mobilizar temendo um agravamento da repressão. "Se você guardar silêncio hoje, quando os comentários são suspensos, seguirá se calando amanhã, quando os microblogs serão fechados, e todos ficarão calados quando o prenderem", advertiu ele, que aproveitou para convocar os usuários da rede a deixar os sistemas chineses e entrar em redes sociais estrangeiras, embora seja preciso burlar a censura para consultá-los na China.
As autoridades chinesas, por ua vez, impuseram o fechamento de 16 sites de internet e prenderam seis pessoas por "criar e propagar rumores", anunciou ontem a agência Nova China. Segundo a polícia, citada pela agência oficial, os sites são acusados de ter informado sobre "a entrada em Pequim de veículos militares, [mostrando que]w as coisas não andavam bem em Pequim". Um número não determinado de internautas foi "advertido" por ter difundido esses rumores, que, na semana passada, agitaram os fóruns de discussão.
A China, onde a imprensa é controlada pelo Estado, conta com mais de 500 milhões de internautas e mais de 300 milhões de contas registradas.