Ouça este conteúdo
A China bloqueou nesta quinta-feira (06) no Conselho de Direitos Humanos da ONU um debate sobre a situação da minoria uigur, diante da publicação de um relatório das Nações Unidas que confirma as graves violações contra essa população no país.
Um grupo de países ocidentais, liderados por Estados Unidos e Noruega, apresentou ao Conselho um projeto de resolução de conteúdo, aparentemente, modesto, já que somente reivindicava que, na próxima sessão deste órgão - a ser realizada em fevereiro e março de 2023 -, houvesse discussão sobre o documento.
A China expressou sua "mais profunda oposição" a essa ideia, e afirmou que o documento "carece de qualquer valor", uma posição que foi respaldada por vários países em desenvolvimento.
O resultado teve 19 votos contra o debate, 17 a favor, enquanto 11 nações se abstiveram.
"Isso não é uma questão de procedimento, mas sim de fundo. Estados Unidos e outros países querem colocar na agenda deste Conselho um problema que não existe em Xinjiang", indicou o embaixador chinês junto à ONU, Chen Xu, em referência à província onde estão assentados os uigures.
Segundo o diplomata, a verdadeira intenção da iniciativa era aproveitar as distâncias da ONU "para uma ingerência nos assuntos internos da China".
"Isso não é a favor dos direitos humanos, mas sim uma manipulação política. Em Xinjiang não há um problema de direitos humanos, mas sim de separatismo e de luta contra o terrorismo. Xianjiang tem estado há cinco anos sediando ataques terroristas", disse Chen Xu.
França, Finlândia, Holanda e outros países europeus consideraram que as descobertas apresentadas no relatório do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos não podem ficar sem acompanhamento e que é preciso analisar as denúncias.
Os EUA indicaram que a proposta oferecia "um fórum neutro para discutir, e que a China pode apresentar seu ponto de vista".
O relatório sobre Xinjiang apontava que algumas das violações de direitos humanos contra uigures eram tão graves que poderiam ser consideradas crimes contra a humanidade.
Diversas investigações indicam que até 1 milhão de membros dessa minoria muçulmana estiveram confinados nestas regiões, por diferentes períodos, segundo o governo da China, para "desradicalizá-los".