A China defendeu nesta terça-feira novas regras de controle de conteúdo estrangeiro na mídia e na televisão locais, dizendo que o governo está simplesmente protegendo direitos de propriedade intelectual, mas que ainda está comprometido com o mercado aberto.
Autoridades disseram que o povo chinês prefere ler revistas estrangeiras de ciência e tecnologia -- que são permitidas pelo governo -- e que assuntos sensíveis de religião e política não são apropriados para os leitores do país.
A defesa do controle acontece no mesmo dia em que o presidente chinês, Hu Jintao, embarca para os Estados Unidos, onde se encontrará com o presidente George W. Bush. No encontro, o presidente norte-americano deverá levantar os temas de direitos humanos e liberdades individuais.
Neste mês, a Administração Estatal de Rádio, Filmes e Televisão reemitiu avisos restringindo o uso de imagens de notícias internacionais e a Administração Geral de Imprensa e Publicações colocou em prática restrições à publicação de versões chinesas de revistas estrangeiras.
"Acho que vocês não têm um entendimento correto dos conteúdos do aviso," disse Hu Zhanfan, vice-diretor do órgão de controle, em entrevista coletiva.
Alguns canais de rádio e televisão usam notícias de organizações estrangeiras sem assinar os contratos apropriados, disse Hu, e por isso o alerta foi emitido.
"O objetivo é garantir a exatidão e a confiabilidade dos relatos e proteger os direitos de propriedade intelectual," disse, acrescentando que a China vai continuar cooperando com a imprensa estrangeira.
As emissoras chinesas só podem usar notícias estrangeiras filtradas pelo canal estatal de televisão China Central.
O governo também confirmou neste mês a regra promulgada no ano passado que permite a publicação de versões chinesas de revistas estrangeiras apenas sobre assuntos de ciência e tecnologia, através de regras e de parceiros locais aprovados.
Rolling Stone
Liu Binjie, vice-ministro do organismo de controle, disse que a medida é necessária porque a China é um país em desenvolvimento com sede de aprendizado e de tecnologia externa.
"Para publicações religiosas e políticas, não é muito adequado para a condição nacional ou cultural da China," disse.
Ele repetiu a afirmativa anterior de que a edição chinesa da revista norte-americana Rolling Stone, que foi suspensa em março depois de apenas um número, não tinha autorizações necessárias.
As declarações devem provocar protestos de grupos estrangeiros. O Comitê de Proteção aos Jornalistas, de Nova York, exortou Bush a ajudar a garantir a libertação de 32 jornalistas chineses, incluindo o pesquisador do NY Times, Zhao Yan, que continua detido apesar da decisão de uma corte de anular as acusações de vazamento de segredos de Estado.
O grupo acusou Hu de coordenar "a mais severa repressão à mídia" desde o período depois das manifestações estudantis pró-democracia, em 1989, na Praça da Paz Celestial.