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Um dia após a retomada do Afeganistão pelo Talibã, a China afirmou que vai respeitar as "decisões" do povo afegão e que, sob um governo do Talibã, espera continuar a desenvolver "relações amistosas e cooperativas com o Afeganistão".
"O Talibã expressou repetidamente sua esperança de desenvolver boas relações com a China e que espera a participação da China na reconstrução e no desenvolvimento do Afeganistão", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, nesta segunda-feira (16).
Desde o anúncio da retirada das tropas da Otan do Afeganistão e a ofensiva talibã pelo território afegão, a China vem se aproximando do grupo fundamentalista. No fim do mês passado, o ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, recebeu uma delegação de nove representantes do Talibã na cidade de Tianjin, para discutir questões de segurança.
O interesse da China em manter boas relações com o Talibã deriva, principalmente, de dois fatores. Primeiro, o país quer garantir que o grupo não permita, em território afegão, a proliferação de facções terroristas que consideram ser uma ameaça direta à segurança nacional chinesa, como o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental, relacionado a grupos extremistas da província de Xinjiang.
Naquele encontro, a delegação do Talibã, se comprometeu a "não permitir que ninguém use o solo afegão contra a China".
O segundo fator é a expansão do programa chinês de infraestrutura Belt and Road Initiative no Afeganistão, país que está em uma localização geoestratégica chave, conectando o Sul da Ásia e o Oriente Médio e a Ásia Central.
Nesta segunda-feira, Hua disse que a China espera uma transição de governo pacífica no Afeganistão, "onde todos os atos criminosos e o terrorismo serão contidos".
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