O governo da China afirmou nesta segunda-feira que se o líder espiritual Dalai Lama designar um possível sucessor, a ação seria "ilegal" por não respeitar o princípio da reencarnação e as leis de Pequim. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hong Lei, monges tibetanos levam anos para reconhecer a criança que seria a nova reencarnação do Dalai Lama. Portanto, um líder vivo não poderia nomear seu próximo, pois ainda não teria se desligado do antigo corpo. Além disso, a atribuição do título "Dalai Lama" seria uma prerrogativa do governo chinês.

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"A reencarnação é a forma de sucessão do budismo tibetano e as políticas de liberdade religiosa defendidas pela China incluem, naturalmente, um respeito ao tipo de sucessão tradicional. Nunca houve um caso que um antigo "Dalai Lama" determinasse o novo. E o governo chinês já emitiu regras sobre a administração da reencarnação dos "budas vivos" na religião tibetana. A sucessão dos líderes deve respeitar as tradições e as leis de Pequim", afirmou o porta-voz.

Tibetanos temem que a China se aproveite da polêmica para provocar uma separação no movimento religioso. A intenção do governo seria nomear ele mesmo um novo líder, ao mesmo tempo que outro seria indicado pelos exilados.

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Tradicionalmente, monges budistas são responsáveis pela procura da criança que será a reencarnação do Dalai Lama. A decisão era limitada ao Tibete, mas o governo, que considera o atual Dalai Lama como um separatista perigoso, criou regras para a administrar tal sucessão.

O atual líder espiritual dos tibetanos, de 76 anos, vive no exílio desde 1959 e, até o momento, não indicou ninguém para substituí-lo. Dalai Lama somente alertou que não vai renascer na China se o Tibete não for libertado e que ninguém, incluindo o governo chinês, tem o direito de escolher seu sucessor por "interesses políticos".