Emergentes
Meirelles: G20 tende a ocupar o lugar do G7
São Paulo - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que o G20 deve se tornar o mais importante fórum mundial para o debate de questões econômicas. Segundo Meirelles, o grupo, que reúne os países mais ricos e os principais emergentes, "tende a ocupar o lugar do G7 [os países mais ricos] no longo prazo, porque os emergentes estão tendo um peso maior na economia mundial", disse ele, em palestra na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, na cidade de São Paulo.
Embora analistas manifestem reservas quanto aos efeitos práticos do encontro, outros apontaram que o evento teve caráter histórico: encontros para discutir os rumos da economia global, normalmente, ficaram restritos aos países participantes do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) ou do G8 (que inclui a Rússia).
Meirelles também afirmou que os maiores desafios do Brasil são: investimento em infra-estrutura, a melhoria do ambiente de negócios e a realização da reforma tributária. "Não podemos permitir que a crise atrase muito essa reforma", disse.
Folhapress
Genebra - A Organização Mundial do Comércio (OMC) reuniu seus principais embaixadores ontem em Genebra para debater o mandato do G20 para concluir a Rodada Doha até o final do ano. A convocação de uma conferência internacional para meados de dezembro está no radar, mas falta saber quem flexibilizará posições para permitir um acordo, já que Índia e China estão irredutíveis e os países ricos também.
No fim de semana, em Washington, os líderes do G20 estabeleceram que haveria um acordo comercial até o final do ano como forma de contribuir para o relançamento da economia mundial e evitar o protecionismo.
O Brasil declarou apoio ao projeto de um acordo até o final do ano e disse que atuará para isso. "Vamos trabalhar de forma construtiva", afirmou o embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo.
Tanto Pequim como Nova Délhi deixaram claro que não cabe a eles fazer as concessões abrindo seus mercados para os produtos industriais dos países ricos. Um acordo, em suas avaliações, viria de uma flexibilização nas demandas de Bruxelas e Washington, além de uma abertura de seus mercados agrícolas.
Com a moral em alta depois da cúpula do G20, em Washington, os países emergentes garantem que vão insistir que suas vozes terão de ser escutadas. "Para que haja um acordo, os países ricos terão de ter uma posição mais realista do que estão pedindo. Não podem apenas pedir acesso a nossos mercados", afirmou o embaixador da China na OMC, Sun Zhenyu.
O ministro do Comércio da Índia, Kamal Nath, garantiu que não haverá a possibilidade de conseguir que seu país ceda e aceite abrir seu mercado para bens agrícolas. Ele deixou claro que está disposto a viajar para uma conferência internacional em dezembro. Mas que as concessões não viriam dele.