O chanceler da China, Yang Jiechi, disse em conversa com seu homólogo japonês que as ilhas disputadas pelos dois países são um "território sagrado" para os chineses, segundo relato da imprensa estatal nesta quarta-feira (26), num sinal de que nenhuma das partes está disposta a ceder em sua reivindicação de posse.
O ministro japonês Koichiro Gembra disse à agência de notícias japonesa Kyodo que a reunião em Nova York, onde acontece a sessão anual da Assembleia-Geral da ONU, durou uma hora e foi tensa.
Gemba disse ter pedido que a China aja com moderação na disputa, que recentemente motivou manifestações anti-Japão em várias cidades chinesas, além de abalar as relações comerciais entre as duas maiores economias asiáticas.
De acordo com a agência chinesa Xinhua, Yang reiterou "a posição solene (de Pequim) a respeito das ilhas Diaoyu, que são território sagrado da China desde os tempos antigos".
O Japão, que chama as ilhas desabitadas de Senkaku, irritou Pequim recentemente ao nacionalizar a área, que estava em poder de um proprietário particular japonês. As ilhas, reivindicadas também por Taiwan, ficam perto de reservas potencialmente grandes de gás e petróleo.
O chefe de gabinete do governo japonês, Osamu Fujimura, disse a jornalistas em Tóquio que o Japão e a China concordaram em continuar o diálogo. "Não há bala mágica na diplomacia estrangeira. Precisamos manter conversas por meio de vários canais, levando em conta uma perspectiva ampla", afirmou.
Por causa dos protestos populares, as montadoras japonesas Toyota, Nissan e Suzuki fecharam temporariamente algumas concessionárias e reduziram sua produção na China.
As reuniões entre diplomatas dos dois países, na quarta-feira na ONU e na véspera em Pequim, sugerem que a China não quer que a disputa leve a um rompimento diplomático - inclusive porque este é, afinal de contas, o Ano da Amizade Japão-China.
Mas o tom resoluto das declarações públicas de Pequim indica que a disputa está longe de terminar. "A manobra japonesa é uma flagrante violação da integridade territorial e da soberania chinesas, uma negação direta dos resultados da vitória da guerra mundial antifascista, e um grave desafio à ordem internacional do pós-guerra", disse Yang, segundo a Xinhua.
As relações sino-japonesas continuam marcadas pela agressão militar do Japão à China nas décadas de 1930 e 40, e também pela atual rivalidade por influência e por recursos na região.
- Pesqueiros de Taiwan realizam protesto em ilhas disputadas com o Japão
- Mais de 52 mil reservas em voos do Japão à China são cancelados por crise
- China inicia a operação de seu primeiro porta-aviões militar
- Dois navios chineses entram em águas territoriais japonesas
- Líder chinês chama de "farsa" compra pelo Japão de ilhas em disputa
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Deixe sua opinião