China e Rússia apresentaram na quarta-feira o projeto de uma resolução alternativa sobre a Coréia do Norte, que concorre com outro elaborado pelo Japão e que prepara o terreno para uma ação militar em represália a Pyongyang.
O presidente rotativo do Conselho de Segurança da ONU, o francês Jean-Marc de la Sablière, informou que a Rússia apresentou o projeto do documento e que os membros da entidade pediram tempo para estudá-lo detalhadamente.
- É uma evolução positiva, que abre as portas para encontrar uma posição unificada no Conselho - afirmou o diplomata francês.
Para o embaixador da Rússia, Vitaly Churkin, o projeto proporciona as "bases para a unidade" por conter alguns elementos da declaração presidencial elaborada anteriormente pela China e aspectos que se aproximam da resolução japonesa.
- Aceitamos o formato da resolução, pois é a preferência apresentada pela maior parte dos membros do Conselho - declarou Churkin.
A reação inicial dos países do Conselho, segundo o embaixador russo, é "encorajadora", pois, na sua opinião, representou um "denominador comum" que possibilitará que se chegue a um consenso para responder à Coréia do Norte pelo lançamento de sete mísseis em caráter de teste no litoral do Japão.
O embaixador da China, Wang Guangya, argumentou que a proposta conjunta de Rússia e China contribui para "acalmar as tensões" e mantém aberto o caminho diplomático para uma saída da crise.
Ao contrário da resolução japonesa, que conta com o apoio de EUA, França, Reino Unido e outros quatro membros do Conselho de Segurança, na minuta chinesa não há referências ao Capítulo VII da Carta da ONU.
Esse capítulo abre caminho para a adoção de sanções e outras medidas punitivas mais duras no futuro, além de incluir a possibilidade de uma intervenção militar contra Pyongyang.
O documento chinês considera que o lançamento de mísseis pela Coréia do Norte não é uma ameaça para a paz e para a segurança mundial.
O embaixador da China disse que, caso o Japão e os co-patrocinadores da outra resolução insistam em submetê-la à votação sem eliminar o Capítulo VII, as instruções de Pequim são que se "utilize o direito a veto".
A proposta da Rússia e da China foi considerada "um passo à frente" pelo embaixador dos EUA, John Bolton, que afirmou que os dois países deveriam ter apresentado esta alternativa há uma semana.
Já o embaixador do Japão, Kenzo Oshima, disse que com uma rápida olhada na minuta chinesa é possível perceber que existem "omissões e diferenças significativas" e que a aceitação do documento tal como foi redigido será muito difícil.
O diplomata afirmou que caso a China não faça emendas no texto, seu país insistirá na sua intenção de submeter sua proposta à votação "o mais rápido possível".
Segundo Oshima, o Japão não fez isto até agora para dar tempo para que apareçam os resultados dos esforços diplomáticos iniciados por Pequim para convencer a Coréia do Norte a mudar de atitude.
- Estamos ansiosos para receber um relatório final completo dos resultados. Até agora não aconteceram novos desenvolvimentos - declarou Oshima.
O Japão e os EUA esperam que a China convença o regime norte-coreano a reafirmar a suspensão unilateral sobre o lançamento de mísseis na península da Coréia, a aceitar a retomada das negociações e a implementar a declaração conjunta de setembro de 2005.
A China, que exerce um alto grau de influência sobre a Coréia do Norte e que preside as conversas de seis lados, prevê que encerrará na quinta-feira a sua missão diplomática em Pyongyang, que começou na última segunda.
O embaixador chinês disse que ainda não houve reação da Coréia do Norte, mas afirmou que as propostas oferecidas por Pequim às autoridades norte-coreanas são "muito sérias", o que requereria tempo para análise, mas mostrou estar convencido de que o resultado será positivo.