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Novo coronavírus

China envolve o Brasil em tentativa de negar origem da pandemia em Wuhan

Foto tirada em 24 de novembro de 2020 mostra uma visão geral do Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan em Wuhan, na província de Hubei, na China. (Foto: Hector RETAMAL / AFP)

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A China, por meio de veículos de comunicação controlados pelo Partido Comunista, como é o caso do jornal Global Times, quer mudar a narrativa de que a pandemia de covid-19 tenha se originado em seu país. Neste domingo (06), em um esforço que parece ser coordenado, o jornal usou sua conta no Twitter para afirmar que o Centro de Controle de Doenças de Wuhan, cidade chinesa que foi o epicentro da pandemia, detectou o novo coronavírus em carne congelada importada do Brasil e do Uruguai.

Ao mesmo tempo, a principal reportagem do site do jornal traz a pergunta: "É possível que mercadorias importadas tenham causado o surgimento da epidemia de coronavírus em Wuhan?"

A "reportagem" afirma que a narrativa de que a epidemia começou em Wuhan é uma "acusação" de políticos do Ocidente e que a descoberta de sinais anteriores do vírus na América e na Europa faz surgir a hipótese de que a epidemia registrada em Wuhan, o berço da covid-19, teve origem em alimentos congelados que foram importados.

O jornal afirma que enviou repórteres para o mercado de Huanan, onde as primeiras infecções pelo novo coronavírus foram registradas, e que após conversar com epidemiologistas, virologistas e com comerciantes, "a possibilidade de que o coronavírus tenha passado de produtos importados para o mercado não deve ser descartada".

Entre as especulações feitas pelo jornal, sem apresentar provas, está a de que o vírus causador da Covid-19 tenha sido trazido à China por militares americanos durante os Jogos Mundiais Militares em 2019, sediado em Wuhan.

O jornal também sugere que poucos animais selvagens eram vendidos no mercado de Huanan. Um comerciante afirmou ao jornal que eles eram vendidos "em segredo". Para o jornal, a fonte mais provável são frutos-do-mar importados da Autrália, Equador e Chile, antes de 2019.

O texto ainda cita os supostos casos de novo coronavírus encontrados na carne importada do Uruguai e Brasil.

Retaliação?

Curiosamente, os países citados pelo Global Times estão envolvidos em rusgas recentes com a China. A Embaixada da China apresentou uma reclamação formal ao governo brasileiro devido a uma publicação feita no Twitter por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O deputado federal, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, acusou o Partido Comunista Chinês de espionagem, ao falar sobre a adesão do Brasil à Clean Network (Rede Limpa), iniciativa organizada pelos Estados Unidos para impedir a Huawei de operar os serviços de 5G.

Em abril deste ano, a China ameaçou boicotar produtos da Austrália após o país da Oceania pedir uma investigação sobre a origem da covid-19. Ao ser perguntado pelo jornal The Australian Financial Review sobre a solicitação australiana, Cheng, que é embaixador em Camberra, disse que a "população chinesa" poderia rejeitar mercadorias da Austrália. "Talvez as pessoas comuns se perguntem: 'Por que eu deveria beber vinho australiano? Comer bife australiano?'", afirmou o diplomata.

Em novembro, a Austrália firmou um acordo militar com o Japão, o que também irritou a China.

O Equador ameaçou tomar providências contra os pesqueiros chineses que porventura entrassem nas águas protegidas da Reserva Marinha de Galápagos.

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